terça-feira, 31 de agosto de 2021

A Arte e a Cultura da Paz

 

daisaku ikeda

Creio que para muitos a palavra arte imediatamente traz à mente imagens de algo muito formal e mesmo intimidador.


Isso pode até ser verdade. No entanto, ninguém considera o canto de um pássaro como algo formal ou amedrontador, certo? Com certeza, o mesmo ocorre quando alguém contempla um campo florido. Quem deixaria de admirar ou ser envolvido pela beleza das cerejeiras repletas de botões se abrindo sob o reflexo do brilho da Lua? E, em um lindo dia, tenho certeza de que levantamos os olhos para o céu azul e exclamamos: “Que maravilha!” O som da água correndo em um riacho certamente causa deleite aos ouvidos, revigorando e purificando nossos sentimentos. Tudo isso são exemplos do nosso amor intuitivo à beleza, o espírito da arte e da cultura.


A arte não é, de maneira alguma, algo incomum ou extraordinário. As grandes obras de arte, assim como a beleza inerente na natureza, são um bálsamo relaxante e refrescante para o espírito e uma fonte de energia e vitalidade.


Várias das nossas atividades diárias fazem ecoar o espírito da arte e da cultura. Por exemplo, quando nos esforçamos para ficar mais bonitos, buscamos produzir a beleza. Quando arrumamos nosso quarto, a fim de deixá-lo brilhando, estamos nos esforçando para criar a beleza. Uma única flor plantada em um vaso pode, muitas vezes, transformar completamente um recinto, proporcionando-lhe um toque suave e aconchegante. Tal é o poder da beleza.


A arte deveria nos tornar serenos e tranqüilos, e não nos colocar na defensiva ou nos fazer sentir desconfortáveis. Deveria nos encorajar quando nos sentimos desanimados e nos deixar relaxados e animados quando estamos tensos.


O mais importante é simplesmente começar apreciando a arte. Com certeza, para apreciar algumas grandes obras de arte em sua totalidade, devemos nos concentrar e fazer um certo esforço mental. No entanto, a apreciação começa simplesmente pelo contato com a obra. Com a música, por exemplo, iniciamos apenas ouvindo-a. Com uma pintura, iniciamos olhando-a. Sinto que muitos ficam tão preocupados em analisar um trabalho artístico que acabam não percebendo sua verdadeira natureza.


No Japão, por exemplo, mesmo a visita a um museu é, para a maioria, um evento raro e especial. Na Europa, contudo, as pessoas visitam museus de arte com freqüência desde criança. Por estarem acostumadas aos museus, estes não lhes causam medo. Uma razão disso talvez seja pelo fato de os museus ocidentais serem produtos de uma sociedade democrática. Nos séculos passados, somente os aristocratas, ou os indivíduos mais abastados, podiam colecionar e apreciar objetos de arte. Os museus de arte públicos surgiram quando as pessoas insistiram que elas, também, tinham o direito de acesso às grandes obras de arte. Foi simplesmente dessa maneira que eles surgiram; a partir de uma crescente demanda do povo pela oportunidade de apreciar a arte.


No Japão, por outro lado, os museus foram, primeiramente, estabelecidos na era Meiji (1868–1912), quando esse país abriu suas portas ao mundo após séculos de reclusão. A partir desse momento, o governo japonês inaugurou museus que imitavam os do Ocidente, acreditando que seu país seria considerado retrógrado pelos governantes ocidentais pelo fato de não possuir esses estabelecimentos. Como instituições patrocinadas pelo governo, os museus japoneses inevitavelmente traziam a condescendente mensagem: “Aqui está — estamos nos esforçando para que vocês possam apreciar essas obras de arte.”


A cultura, na verdade, existe para que as pessoas sintam-se felizes e tranqüilas; a arte não foi criada para nos intimidar; no entanto, várias pessoas parecem não reconhecer essa verdade.


A arte e a cultura genuínas esforçam-se para enriquecer o indivíduo e incentivar sua expressão própria, enquanto buscam ao mesmo tempo alcançar, emocionar, transmitir e aproximar as pessoas. Ela promove um espírito no qual a alegria e a felicidade dos outros antecedem a fama e a riqueza. A arte e a cultura genuínas existem para cultivar esse espírito.


Tenho esperança de que todos vocês, membros da Divisão dos Estudantes Colegiais, se tornem indivíduos que apreciam o verdadeiro espírito da cultura. Visitar museus e assistir a concertos são importantes meios para cultivarem esse espírito. Ao mesmo tempo, poderiam aprender algo na área artística, talvez cantar ou pintar, ou algum trabalho manual. Dessa maneira, gradativamente irão se tornar uma pessoa culta, alguém que aprecia e desfruta a arte e a cultura.


É importante que conheçam e se acostumem à arte. A arte e a cultura são o que enriquece nossa vida, tornando-a um verdadeiro valor.


Uma vez que a cultura é o alimento do espírito, apreciar a arte é muito mais importante do que a habilidade artística. A cultura é a expressão do impulso interior de cultivar a terra do espírito humano, limitado e oprimido pela tendência humana, de maneira a fazer brotar as mais belas flores e frutos em profusão.


A arrogância é o exato oposto ao espírito da cultura. Certa vez, uma pessoa comentou que um artista arrogante e convencido é um falso artista; tal tipo de pessoa é somente um “fornecedor de arte”, alguém que mantém seu sustento às custas da arte. Da mesma forma, uma pessoa culta, mas obcecada pela publicidade e pela fama, não passa de um “fornecedor de cultura”.


Gostaria que todos vocês, os líderes do futuro, reconhecessem que os genuínos artistas, indivíduos que verdadeiramente apreciam a cultura, são aqueles capazes de cultivar uma compreensão partilhada entre as pessoas, e que sempre manifestam um sentimento de gratidão e respeito pelos outros.


Gostaria de contar um episódio que exemplifica como a arte — neste caso a música — pode manifestar, no coração das pessoas, um sentimento de conforto e alegria. Um membro da Divisão dos Estudantes Colegiais tocou violino em uma reunião da qual participei. Assim que a melodia envolveu o recinto, todos os presentes, alguns dos quais vinham olhando para o chão de maneira retraída, levantaram a cabeça, e, ao ouvirem a música, um brilho irradiou de seus olhos. A mudança do estado de espírito foi surpreendente.


Isso é maravilhoso. Um mundo sem a arte é cinzento e sem vida. Somente quando as flores da cultura brotarem é que o nosso mundo poderá se tornar brilhante e alegre. O movimento da SGI para promover a cultura, partindo das pessoas para o mundo todo, é como um rico e colorido jardim que se estende por todo o globo.


A arte que se origina da alma também é, freqüentemente, a arte que expressa a fé religiosa. As grandes religiões dão origem a uma grande cultura.


Isso será verdadeiro enquanto a religião não se aliar às forças do autoritarismo.


Sem o respaldo de uma filosofia profunda firmemente arraigada no povo, é impossível que a cultura floresça. As religiões, e o budismo em particular, são inseparáveis da cultura. Elas são como os lados de uma mesma moeda. Tanto a cultura como o budismo objetivam inspirar o interior das pessoas. 


A autoridade opressiva e a arrogância são realmente fatais para a cultura, não é verdade?


Sim. Enquanto a arte e a cultura libertam as pessoas internamente, o autoritarismo as oprime externamente. São forças contrárias.


As pessoas que são capazes de apreciar a arte e a cultura são valiosas. Aqueles que são verdadeiramente cultos valorizam a paz e conduzem outros a um mundo de beleza e esperança e a um brilhante futuro. A autoridade tirânica, por outro lado, somente conduz as pessoas à escuridão. É o oposto da arte.


Por essa razão, cultivar e propagar uma apreciação à arte e à cultura é de suma importância para a caminhada em direção à paz.



A Cura dos Males da Sociedade

 

soka gakkai

O 16º capítulo do Sutra do Lótus, ‘A Extensão da Vida’, descreve o sentimento do Buda pelos seus discípulos. Vamos conhecer um pouco dessa parábola:

O excelente médico tem vários filhos. Enquanto ele se ausenta para uma viagem, seus filhos ingerem veneno. Quando o pai retorna, encontra-os num grande sofrimento e decide preparar um excelente remédio para curá-los.

Embora o pai tenha preparado o remédio mais eficaz, alguns dos filhos, entorpecidos pelo veneno, não o tomam. Os que aceitam e ingerem o remédio são imediatamente curados. Porém, os outros que se recusam continuam a se contorcer de agonia.

Devido à compaixão pelos filhos, o excelente médico pensa num meio para que acreditem que ele morreu a fim de lhes mostrar o caminho da felicidade. Após partir novamente, ele envia um mensageiro com instruções para dizer aos filhos que ele havia morrido numa terra distante. Quando ouvem o relato, o coração deles se enche de tristeza e angústia ao pensarem que, de agora em diante, não terão ninguém para ajudá-los. É nesse momento que finalmente abrem os olhos e pensam: “Ainda temos o remédio que nosso pai nos deixou”. Decidem tomá-lo e, imediatamente, se curam. Quando o pai recebe a notícia de que todos os filhos estavam curados, ele retorna para casa e aparece diante deles.

“(...) O excelente médico representa o Buda, e seus filhos, todas as pessoas. O excelente remédio corresponde ao Sutra do Lótus e à eterna Lei Mística, a qual o buda Shakyamuni também segue como mestre. Nos Últimos Dias da Lei, esse remédio é o Gohonzon” 

“Nem mesmo o excelente médico poderia salvar seus filhos sem a intervenção do mensageiro. Da mesma forma, sem o movimento popular dos bodisatvas da terra, que abraçam o grande remédio benéfico da Lei Mística, a humanidade não poderia ser salva nesta era repleta de maldades. Juntos, vamos avançar orgulhosamente pelo glorioso caminho da vida dos bodisatvas da terra”

Empreender esforços ao incentivar a pessoa que se encontra diante dos seus olhos, oferecendo-lhe o excelente remédio, a prática do Nam-myoho-renge-kyo é a ação de um verdadeiro devoto do Sutra do Lótus.

O presidente Ikeda afirma: “O budismo é um excelente remédio que cura as feridas do carma e do sofrimento. Não existem impasses na fé. Nós encontramos problemas e dificuldades para que possamos crescer e amadurecer. No mundo do budismo, mesmo aquilo que parece já estar bom irá se tornar ainda melhor. Quando acreditamos que já atingimos o limite máximo, vamos ainda mais além. Essa é a Lei Mística”

Vemos atualmente uma sociedade com muitos problemas, com as pessoas cada vez mais buscando soluções para suas angústias e dificuldades e temos essa grande oportunidade de levar esse remédio da Lei Mística e fazer mais e mais pessoas felizes através da propagação por meio desse ensinamento.




O real sentido de uma religião

 

soka gakkai

O real sentido de uma religião

“De pouco vale uma religião se não for capaz de responder a esta pergunta vital: como despertar a alegria de viver no coração das pessoas que passam pelo mais profundo sofrimento e desespero ou que perderam totalmente a esperança de viver?” (Abertura dos Olhos, p. 158)

O propósito da SGI como religião é “que nos engajemos ativamente no desafio de guiar as pessoas à felicidade. Sem essa dedicação, não há sentido almejar a felicidade da humanidade” (Ibidem, p. 157).

As duas afirmações constam do livro Abertura dos Olhos, no qual em 344 páginas o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, explana um dos mais importantes escritos do buda Nichiren Daishonin. Abrir os olhos, afirma o líder da SGI, significa despertar para o real sentido da religião — acreditar na infinita capacidade que toda pessoa tem de transformar seu destino.

Todos conseguem; todos merecem iniciar aqui e agora a própria revolução humana. A lei que garante tal proeza é o Nam-myoho-renge-kyo.

Místico não é obscuro, mas a capacidade de alguém que sofre ser feliz

Apresentamos três frases de Nichiren Daishonin sobre o myo:

“O Sutra do Lótus pode curar tanto os vivos quanto os mortos; por isso contém o ideograma myo em seu título [Myoho renge kyo]” (CEND, v. I, p. 156).

“É por essa razão que o Sutra do Lótus é denominado myo [místico ou maravilhoso]” (Ibidem, p. 152).

“Myo significa reviver, ou seja, retornar à vida” (Ibidem, p. 155).

A filosofia da SGI está firmemente embasada no poder místico da lei última da vida. Esta Lei (ho) é mística (myo) porque revitaliza e cria valor imediatamente na pessoa que está em sintonia com ela.

O aspecto místico desta Lei maravilhosa não está no fato de ela ser obscura, misteriosa, ilusória nem fantasiosa. A lei máxima da vida é mística porque transforma a vida de pessoas comuns em vidas extraordinárias: “É uma filosofia de esperança que inspira um revigorante otimismo e vontade de viver no coração das pessoas que sofrem intensamente” (Abertura dos Olhos, p. 158).

Misticamente, qualquer pessoa imersa no sofrimento que recita e propaga o Nam-myoho-renge-kyo experimenta imediatamente uma nova “vontade de viver”.

O que é veneno (sofrimento) simultaneamente se torna remédio (iluminação, alegria, esperança, coragem). Em qualquer situação, a pessoa que pratica esta Lei sente gratidão transbordante pelo simples fato de estar viva.

Todos conseguem!

O budismo garante que todos conseguem manifestar plena felicidade, mesmo as pessoas más.

Icchantika é o nome budista para uma pessoa má, de fé incorrigível, que causa transtorno e divide as pessoas. No Sutra do Lótus, o personagem que descreve essa condição se chama Devadatta — primo de Shakyamuni que fez de tudo para matar o Buda e atrapalhar o fluxo de propagação da Lei.

O budismo, desde o seu surgimento, afirma que todos conseguem manifestar o estado de buda. Mas segundo a crença na época, “todos mas nem todos” podiam acessar essa fonte de enegia vital: às pessoas más o destino reservava sofrimento.

Porém, o Sutra do Lótus provou o contrário: mesmo Devadatta, o mais malvado de todos, manifestou a felicidade absoluta: “Esse conceito sobre a consecução imediata do estado de buda é encontrado somente no Sutra do Lótus” (Abertura dos Olhos, p. 189).

Myo é o poder que torna possível transformar o pior dos males em bem supremo.

Se imerso no sofrimento, ative a Lei Mística e imediatamente experimente a maior das alegrias. Não é preciso esperar nem mudar a forma atual das coisas: aqui e agora você dá um novo passo de esperança e começa a reconstruir a vida munido de um “poder extraordinário e insondável”.

Fato curioso

Intuitivamente, muita gente até acreditava que Devadatta, o malvado, conseguiria manifestar o estado de buda. Mas faltava a prova real.

Somente no Sutra do Lótus essa verdade foi apresentada. Isso causou espanto geral: “Como foi, então, que Devadatta, um icchantika perfeito, pôde atingir a iluminação? O mínimo que podemos dizer é que se trata de um fato curioso”, afirma o presidente Ikeda (Abertura dos Olhos, p. 161).

Daishonin também se espanta: “Que surpresa, então, quando o buda Shakyamuni revela que Devadatta foi seu mestre em existência passada e prediz que ele atingiria a iluminação no futuro como um buda chamado Rei Celestial” (END, v. II, p. 192).

Ikeda sensei complementa: “De fato, isso é surpreendente. O que vemos operar neste caso é o poder da Lei Mística” (Abertura dos Olhos, p. 161).

A história de Devadatta brinda enorme esperança: não importa em qual situação esteja, ative o poder místico do Nam-myoho-renge-kyo — reative sua força, recomece, reanime seu otimismo. Cause espanto, surpreenda o mundo até que digam: “Que fato curioso, aquela pessoa transformou a vida radicalmente. Ela é a prova real do budismo, do Gohonzon e da SGI!”

Praticar o Nam-myoho-renge-kyo [recitá-lo e propagá-lo] é “um remédio altamente eficaz” que fez Devadatta ser “a prova real do princípio de transformar veneno em remédio exposto no Sutra do Lótus” (Ibidem, p. 163).

Na SGI, ninguém é excluído nem abandonado

O propósito original da SGI é inspirar as pessoas a evidenciar o seu melhor.

Mesmo quem está passando por sofrimentos e infortúnios consegue reverter tudo e, pelo poder surpreendente e místico do Gohonzon, manifestar neste exato momento uma infinita esperança.

O presidente Ikeda afirma que “o Sutra do Lótus ensina que ninguém é excluído, nem mesmo uma pessoa maldosa ao extremo como Devadatta” (Abertura dos Olhos, p. 162). Kosen-rufu é, portanto, o levantar de uma pessoa totalmente confiante no poder místico de cada um de sair do sofrimento e viver plenamente feliz.

Nosso modelo desse tipo de vida é o presidente Ikeda que dia e noite encoraja as pessoas — ele as encoraja porque acredita nelas sem exceção; nele pulsa o “desejo ardente de ajudar outra pessoa a ser feliz, independentemente de quem seja” (Ibidem, p. 163).

Místico é o poder benéfico do daimoku que ativa nas pessoas comuns o extraordinário poder de superar as sensações de impotência e desespero, rompendo assim a espiral da negatividade e produzindo uma vida de valor, dedicada a encorajar pessoas e a revitalizar a família, o trabalho e o mundo.


o ilimitado potencial para vencer a negatividade da vida

 

soka gakkai

Rede de encorajamento

Todas as vezes que você age para vencer e transformar o destino, enfrenta oposição — é natural acontecer isso. O que não é natural é se assustar e desistir: na SGI aprendemos a entender, encarar e superar toda negatividade.

A prática budista na SGI é a ‘engenharia da vida’ que fornece ferramentas e suporte diário para o aperfeiçoamento do caráter. Por meio de uma “rede solidária de vida a vida” e da “fé, prática e estudo” aprendemos, somos incentivados, criamos laços, superamos problemas, nos capacitamos e apoiamos as demais pessoas. Sem a Soka Gakkai, é impossível manifestar o poderoso estado de buda no cotidiano e reconstruir o destino.

E quem se aventura a promover o kosen-rufu enfrenta oposição: “O caminho do kosen-rufu é sempre uma heróica batalha contra o mal”, afirma o presidente Ikeda. O nome da força maior que tenta atrapalhar a iluminação da pessoa é o rei demônio do sexto céu”.

O que é o rei demônio do sexto céu?

Não se assuste. O budismo não cultua coisas negativas; ao contrário: praticamos o Budismo do Sol da suprema alegria.

A função rei demônio do sexto céu diz respeito apenas a uma força muito grande, muito negativa e alojada em cada um para tentar frear nossa alegria quando estamos praticando o budismo.

O presidente Ikeda diz: “O que é demônio do sexto céu? É a origem de todas as ações da maldade para obstruir a iluminação das pessoas. Não significa que existe uma figura demoníaca com esse nome. É uma ação inerente à vida que habita o coração das pessoas. Dessa forma, atingir o estado de buda, essencialmente, não é uma batalha contra um inimigo externo, mas uma batalha feroz contra a natureza do mal que se esconde no interior da nossa vida. Vencendo a nossa natureza do mal, manifestamos a verdadeira revolução humana, elevamos a condição de vida, e assim abrimos o grande caminho da felicidade absoluta” (BS, ed. 2.348, 19 nov. 2016, p. D3).

A batalha é interna — o budismo nos ensina a vencer essa força extrema negativa.

“Os dez exércitos”

Felicidade absoluta é aquela que dura para sempre, que aumenta mesmo diante de problemas, que começa dentro de si e contagia o ambiente.

O que capacita alguém a ter tamanha força espiritual é a vitória sobre as tempestades: uma pessoa mimada tem felicidade aparente e no primeiro vendaval não sustenta a alegria nem a serenidade. É preciso lutar sempre contra a força negativa máxima da vida (rei demônio do sexto céu) que se vale de “dez exércitos” para tentar estragar nosso bem-estar. São eles: (1) ganância, (2) melancolia, (3) fome e sede, (4) insaciedade, (5) sono, (6) medo, (7) dúvida ou desconfiança, (8) ira, (9) vaidade e (10) autovalorização e desprezo pelos outros. Vamos entender cada um deles:

1 e 2 - Ganância e melancolia

Quando o desejo se torna iluminação, a pessoa cumpre o papel de criar valor e enriquecer a vida. Mas quando ela se torna refém e perde a fé entorpecida de desejos, é uma ação do primeiro exército do rei demônio do sexto céu. O mesmo vale para as preocupações.

O presidente Ikeda explica: “O primeiro, a ganância, é quando vocês se tornam reféns da busca para saciar seus desejos e perdem a fé. A melancolia, o segundo, é uma situação em que são tomados pelas preocupações e tristezas e não conseguem prosseguir na fé”.

3 e 4 - Fome, sede e insaciedade

Os problemas em si são a maldade? Não. Se superados, tornam-se trampolins da vitória; se desanimamos, são negatividade.

O presidente Ikeda esclarece: “O terceiro é a fome e a sede, quando ficam impedidos de fazer qualquer coisa por não terem como saciar ambas. Mesmo querendo fazer as atividades da Gakkai, não têm energia nem disposição para se movimentar por estarem com o estômago vazio. Não têm como pagar a condução para ir às reuniões. Por isso acabam desistindo da fé. O quarto é a insaciedade dos cinco desejos associados aos cinco órgãos sensoriais da visão, audição, olfato, paladar e tato. As pessoas são inebriadas pela beleza de algo ou por sons prazerosos, aromas agradáveis, sabores deliciosos ou roupas de textura macia e, na busca contínua por tudo isso, abandonam a fé”.

5 e 6 - Sono e medo

Sentir sono e medo não é crime; são mecanismos naturais. Mas quando os sentimos fora de hora e isso atrapalha nossa vida diária e nossa batalha pela felicidade das pessoas, se tornam em algo prejudicial.

O presidente Ikeda ressalta: “O quinto exército é a maldade do sono. [...] Existam pessoas que, quando decidem recitar daimoku ou estudar o Gosho, são tomadas por uma terrível sonolência. [...] Para não serem atacados pela maldade do sono, devem estabelecer um correto ritmo de vida e procurar dormir suficientemente. Também devem criar condições para descansar bem em sono profundo. Se não dormirem devidamente, é natural que sintam sono. Se ficarem com sonolência em momentos inadequados, talvez seja necessário lavar o rosto com água gelada”. Ele continua:

“O sexto é o medo. Ao realizarem a prática budista, pode acontecer de se tornarem alvo de olhares de estranhamento por parte das pessoas ao redor ou ainda serem isolados do grupo. [...] Podem vir a sofrer perseguições, como as sofridas pelo presidente Makiguchi, que põem a vida em risco. Afastar-se da Soka Gakkai ou abandonar a fé com medo de que ocorram esses tipos de situações é justamente a ação dessa maldade. [...] A condição essencial para polir a fé e alcançar o estado de buda na presente existência é ter coragem. É necessário coragem para se converter ao budismo. É preciso coragem para realizar o shakubuku. Sem coragem não se consegue enfrentar o mau destino. Fé significa coragem”.

7 - Dúvida ou desconfiança

O arrependimento drena a boa sorte. Em momentos de tensão é preciso avançar; quem lamenta termina por aflorar o negativismo que cessa a alegria.

O mestre afirma: “O sétimo exército é a dúvida ou a desconfiança. São questionamentos e arrependimentos. Embora tenham tido a oportunidade de realizar a prática budista, acabam duvidando do Go­honzon, da Soka Gakkai e, ao se virem diante de obstáculos, lamentam: ‘Não devia ter praticado este budismo’. Para vencer esse tipo de coração, tomado por sentimentos obscuros e carregados, é necessário estabelecer uma decisão firme e clara. Nessa atitude se encontram a alegria e os grandes benefícios”.

8 - Ira

Sentir ira contra a injustiça é normal e saudável. Mas recuar na fé e “pular do barco” porque ficou nervoso é ação do oitavo exército do rei demônio do sexto céu.

O Mestre explica:

“A ira, o oitavo exército, é o coração dominado pela raiva. Ao ser orientado a realizar shakubuku, fica indignado com pensamentos como: ‘Não é da sua conta. Faço quando eu quiser!’. E ainda provoca mal-estar agindo com rancor e inveja em relação a alguém ou à Gakkai (onshitsu). Quando um veterano o orienta a corrigir sua postura de fé com base no Gosho pensando em seu bem, revolta-se e manifesta o sentimento da ira em seu coração. É assim que esse exército age no coração.

“Esse coração de ira, em si, não é algo ruim. É necessário sentir raiva diante de atos de maldade. Se não manifestarem a ira contra o mal e o errado, não haverá mais a justiça. O problema é se afastar da fé porque ficou irado ou nervoso com algo. Vamos supor que exista um líder veterano inconsequente que só dá trabalho às pessoas à sua volta e causa muitos problemas. Ao observarem a postura dele, os demais se sentem aborrecidos e inconformados. Isso é natural. Contudo, começam a surgir pessoas que dizem: ‘É por isso que não participo das atividades da Gakkai e não vou às reuniões’. Esse é o aspecto de pessoas sendo derrotadas pela maldade da ira.

“A questão de realizar a prática budista visando a própria revolução humana e o estado de buda, em essência, não tem nada a ver com a postura inapropriada do líder veterano. O alvo a ser combatido é esse coração que mistura essas questões e tenta justificar de maneira plausível seu retrocesso na fé”.

9 - Vaidade

Prosperidade é bom e todo mundo gosta, mas quando o desejo de fama e riqueza sai do controle e ofusca a fé, o que ocorre é ação do nono exército:

“O nono exército é a vaidade, uma condição na qual a pessoa tem extrema ganância por ganho ou benefício próprio e também grande necessidade de fama ou reconhecimento. É um modo de vida no qual se busca avidamente por riqueza e fama, menosprezando a fé, afastando-se do caminho do estado de buda. Quanto mais dominados pela ganância, mais o coração se empobrece e se perde. Os casos de pessoas que causam problemas relacionados com dinheiro na organização podem ser considerados exemplos de influência dessa maldade, que as consome com a necessidade de benefício próprio. E por mais que busquem a fama, o reconhecimento ou o status, esses são aspectos tão efêmeros quanto um sonho quando analisados da ótica da eternidade da vida. É uma grande estupidez se deixar serem levados por esses fatores e abandonar a fé. Mesmo no caso de nomeação de líderes dentro da nossa organização, por exemplo, existem pessoas que acham que foram depreciadas quando passam de uma função de liderança para uma de apoio e começam a cultivar a inveja e o ciúme em relação ao novo líder, perdendo o ânimo para se dedicar às atividades da Gakkai. Esse é um exemplo de coração influenciado pela maldade da vaidade. A chave para combater esse tipo de sentimento é a fé”.

10 - A batalha para vencer a arrogância e o desprezo pelos outros

O presidente Ikeda é o mestre na SGI porque deseja que cada membro tenha a força de mil e vença a negatividade da vida, principalmente a vaidade e o desprezo pelos outros. Segue a conclusão dele sobre os dez exércitos do rei demônio do sexto céu:

“Por fim, a explanação de Shin’ichi Yamamoto chegou ao décimo exército: a autovalorização e o desprezo pelos outros:

“Ele, o décimo exército, faz com que a pessoa se vanglorie e alardeie a respeito de si mesma e despreze as demais, ou seja, é a arrogância. Ao ser tomada pela arrogância, passa a não dar ouvidos a ninguém e não consegue mais aprender o budismo com humildade na organização. Por outro lado, as pessoas ao redor passam a se afastar gradativamente dela, que fica sem ninguém para alertar suas falhas. Quanto mais alto o status social que ocupa, mais facilmente é influenciada por essa maldade. Ao se deixar ser dominada por esse ‘exército’, a pessoa participa das atividades da Gakkai somente se receber elogios, mas sem alguém que alimente esse orgulho, ela negligencia a prática budista e não consegue transformar seu destino negativo nem elevar sua condição de vida, esgotando toda a sua boa sorte. Por fim, ninguém mais lhe dá atenção e seu final é deprimente e lastimável.

“No mundo da fé, no mundo da prática budista, indepentemente se é presidente de uma multinacional de primeira categoria, se possui alto cargo no governo, se é professor universitário ou, ainda, se são líderes da cúpula da Soka Gakkai, todos são iguais. Funções ou títulos não importam nesse caso. Naturalmente, é importante conquistar sucesso e reconhecimento na sociedade para comprovar os benefícios da fé. Contudo, se isso for apenas para a sua própria fama e fortuna, esse resultado não tem significado algum em termos de fé. Posição ou fama não são condições necessárias para alcançar a felicidade absoluta e muito menos fatores que determinarão a iluminação de alguém.

“No mundo da fé, as pessoas mais nobres e admiráveis são as que recitam daimoku com toda a seriedade, realizam o shakubuku para o maior número de pessoas possível, empenham-se mais do que ninguém na orientação individual aos companheiros e se dedicam ao desenvolvimento de indivíduos valorosos e capazes. As pessoas mais louváveis são as que se esforçam de corpo e alma em prol do kosen-rufu. O monarca da fé é o próprio monarca dos seres humanos. Por favor, tenham a convicção de que os senhores são esses grandes vencedores da vida e possuidores de imensurável boa sorte, louvados ao máximo pelo buda Nichiren Daishonin.

“Foi uma explanação imbuída de entusiasmo e paixão.

Era o brado da alma de Shin’ichi, decidido a não permitir que nenhum companheiro viesse a ser derrotado por esses ‘exércitos da maldade’ e abandonasse a fé” 



A Resposta às nossas Orações

soka gakkai

 

Qual animal você Enxerga nesta Imagem?

 

soka gakkai

Ambos - Pato e Coelho

soka gakkai

 

O Coelho

soka gakkai

 

O Pato

 

soka gakkai

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

hagemashi, que significa “encorajamento” ou “incentivo”

 

daisaku ikeda

No idioma japonês encontramos a palavra hagemashi, que significa “encorajamento” ou “incentivo”. Esse termo é composto pelos ideogramas de “dez mil” ou “ilimitada força”, ou seja, ao incentivar uma pessoa, manifestamos a força de dez mil, fazendo com que a pessoa que está sofrendo consiga superar as dificuldades não importando a circunstância em que se encontre.

Com grande compaixão, Daishonin incentiva a monja leiga Toki em um momento no qual ela sofre com a doença, transmitindo-lhe convicção sobre a melhora de seu estado de saúde. Neste escrito, o Buda tranquiliza sua discípula e a direciona a manter a postura diante das dificuldades e não a ser levada pela maldade da doença.

Cada vez mais a SGI vem cumprindo o legado deixado pelo buda Nichiren Daishonin nos dias atuais. Em um trecho da explanação do presidente Ikeda deste escrito consta: “O espírito humanista de valorizar cada indivíduo são a síntese do budismo e a marca da Soka Gakkai. Confirmo isso inteiramente. Em meus encontros diretos com as pessoas, bem como por meio de cartas e respostas aos relatórios e comunicações das atividades dos membros, dediquei toda a minha vida para incentivá-las, considerando cada encontro uma oportunidade única e preciosa que não deixaria passar”. (...) “Diálogo de vida a vida e incentivo de vida a vida — são a essência da filosofia do budismo e o espírito central de toda religião.” 

Nichiren Daishonin elogia a atitude devotada de sua discípula de cuidar da sogra acamada, que na época estava com 90 anos e que contou com sua assistência até o dia em que faleceu serenamente. Daishonin compartilha também que seu marido (Toki Jonin) tinha lhe dito quão profundamente grato estava pelo carinho que ela havia dedicado à mãe dele em seus últimos dias. Em sua explanação o presidente Ikeda enfatiza: “Muitos japoneses, ainda hoje, têm dificuldade em expressar diretamente a sua gratidão com suas esposas, mesmo que em seu íntimo tenha esse sentimento. De toda forma, esta passagem representa a grande compaixão de Nichiren Daishonin com o casal. A manifestação concreta do humanismo budista é justamente o sensível, preocupado e afetuoso incentivo.”

A chave para nos levantarmos tal como a monja leiga Toki é o daimoku. Em sua explanação o presidente Ikeda afirma: “A vida daqueles que recitam daimoku incorpora o princípio de que os desejos mundanos são iluminação. Eles já são vitoriosos. Eles estão vencendo, elevando-se acima de todo sofrimento” (Ibidem).

Manifestando a empatia por nossos companheiros e incentivando-os com o coração repleto de compaixão, empoderando com a “força de dez mil” e nutrindo a grande rede de incentivos que é a nossa organização, vamos avançar continuamente, e também nos esforçar na prática da fé mantendo uma digna postura diante das dificuldades.


sete maneiras de fazer oferecimentos às pessoas

 

Uma escritura budista explica que existem sete maneiras de fazer oferecimentos às pessoas sem envolver dinheiro ou bens materiais.



A primeira são os “oferecimentos do olhar” — sempre se encontrar com as pessoas com um olhar benevolente. 



A segunda são os “oferecimentos do semblante” — encontrar-se com os outros com uma expressão radiante no rosto, e não com uma carranca! 



A terceira são os “oferecimentos da palavra” — dirigir-se aos outros com palavras gentis e não com uma linguagem grosseira e abrasiva. Vamos sempre tentar nos comunicar por meio de palavras que façam as pessoas se sentirem tranquilas com o coração iluminado.



A quarta são os “oferecimentos da atitude” — demonstrar respeito aos outros. 



A quinta são os “oferecimentos do coração” — tratar os outros de forma calorosa e se empenhar para realizar o bem. Palavras sinceras e uma atitude benevolente não são suficientes. Sustentando tudo isso deve haver um “coração” que seja da mesma maneira amável e benevolente.



A sexta são os “oferecimentos do lugar” — proporcionar cadeiras para os outros se sentarem. Isso pode ser visto, por exemplo, no respeito e na deferência que demonstramos àqueles que percorreram longas distâncias para participar de uma reunião, indicando-lhes os primeiros lugares da sala e tentando fazê-los sentirem-se confortáveis.



A sétima são os “oferecimentos da moradia” — convidar aqueles que vieram nos ver para irem à nossa casa. Podemos agradecer a cada um, por exemplo, com “Muito obrigado por ter vindo. Por favor, não gostaria de entrar?”. As pessoas que oferecem a casa para a realização de reuniões estão agindo da forma mais digna de respeito.


Sakyamuni também incentivava seus discípulos a cultivar “ações virtuosas”, “palavras virtuosas” e “pensamentos virtuosos”.


Os associados da SGI estão agindo com benevolência por meio de ações, palavras e pensamentos — as três categorias da ação. Tratar os filhos do budade maneira desumana é denegrir o budismo. Isso é o mesmo que caluniar a Lei. Quando precisarmos dizer algo de forma rigorosa a alguém, primeiro devemos recitar bastante daimoku direcionado para essa questão e depois conversar com a pessoa com base em um espírito benevolente de sincera preocupação com sua felicidade.


A boa sorte e o benefício de levar esperança aos amigos


Em última análise, aqueles que apenas tentam salientar e criticar as falhas dos demais desmoralizarão a si próprios e serão destruídos pela sua própria feiura. No final, essas pessoas sofrerão. Em contraste, os esforços daqueles que encorajam e apoiam os outros de todo o coração serão transformados na própria boa sorte e benefício. Onde estiverem, inclusive os iniciantes na prática da fé, as pessoas atuarão como divindades budistas trabalhando para protegê-los. É assim que funciona o princípio de “simultaneidade de causa e efeito”.


Em termos individuais, o objetivo [da prática] é alcançar a iluminação

 



“Em termos individuais, o objetivo [da prática] é alcançar a iluminação, o que significa construir uma felicidade absoluta, inabalável e indestrutível. Em outras palavras, significa fortalecer a si mesmo de tal forma que não seja derrotado por nenhuma circunstância de vida. Nós chamamos isso de revolução humana. Porém, em termos da missão como budista, outro objetivo é a realização do kosen-rufu, que indica o ato de ensinar o correto budismo para conduzir todas as pessoas para a paz e felicidade” (Nova Revolução Humana, v. 9, p. 165).
Esse trecho do romance Nova Revolução Humana demonstra que cada membro da SGI é o protagonista do kosen-rufu mundial. Como praticantes do Budismo Nichiren, nosso juramento seigan é o de nos esforçar cada vez mais para iluminar a sociedade, o mundo e o futuro com a luz da nossa revolução humana e da unicidade de mestre e discípulo.
Além de promover o kosen-rufu por meio de diálogos sobre o Budismo de Nichiren Daishonin aos que estão à sua volta, os membros da SGI também se empenham em propagar os valores da Soka Gakkai com seu comportamento onde quer que se encontrem. A partir do momento em que assumimos a missão como bodisatva da terra, tudo o que realizamos será manifestação dessa condição de vida e um meio para a concretização do juramento seigan.




Anualmente, desde 1983, o presidente Ikeda envia sua proposta de paz à Organização das Nações Unidas (ONU). Em 2012, ele discute as tragédias que assolam a humanidade e como agir diante delas.


Referindo-se ao papel do cidadão para transformação de sua realidade, relatório da Comissão de Segurança Humana da ONU, o presidente Ikeda diz: “O Estado permanece o provedor fundamental da segurança. Contudo, frequentemente não cumpre o seu dever — e, às vezes, até se torna ameaçador para seus cidadãos. A atenção com a segurança deve ser direcionada ao povo e não ao Estado” (Terceira Civilização, ed. 524, abr. 2012). Aí se encontra o ponto fundamental do Budismo Nichiren — o desenvolvimento de cada ser humano e sua contribuição para o mundo que deseja.


O presidente Ikeda enfatiza que é impossível sermos felizes e nos sentirmos seguros individualmente se ignoramos as ameaças que afligem os outros. “Como o problema das mudanças climáticas demonstra, neste mundo cada vez mais interdependente, uma catástrofe em determinado lugar pode parecer um fato isolado, mas na verdade contém o potencial de maiores danos em escala global” (Ibidem). Assim, ele afirma que na visão budista, a menos que haja paz e segurança na sociedade como um todo, nossa segurança individual será ilusão.


É importante que, como cidadãos, não ignoremos as tragédias onde quer que estejam acontecendo e devemos impedir que elas sejam passadas para as próximas gerações. “O conceito de espaço implica a consciência de nossas responsabilidades como cidadãos; e o de tempo, um compromisso com a sustentabilidade. (...) A clara consciência das dimensões de interconexão da vida deve guiar todas as nossas ações” (Ibidem), ressalta.


O presidente Ikeda dialogou com a Dra. Elise Boulding (1920–2010), pioneira da cultura de paz, e relata a experiência dela ocorrida em 1960 ao participar de uma reunião com estudiosos dos aspectos econômicos do desarmamento em que perguntara como seria um mundo totalmente desarmado. Para a surpresa dela, eles não tinham ideia, pois o trabalho deles era apenas o de convencer os outros que o desarmamento era possível.


Sobre isso, o presidente Ikeda diz: “‘Como poderiam trabalhar de coração num movimento cujo resultado nem sequer imaginavam?’ Esta questão é essencial. Não importa quão relevantes sejam a paz e o desarmamento, se o movimento para alcançá-los não tiver uma visão claramente definida, não gerará a energia necessária para superar os obstáculos em meio à realidade. A Dra. Boulding entendia que uma visão comum une as pessoas e lhes permite ‘se dedicar incondicionalmente’” (Ibidem).


Um objetivo pode parecer impossível até ser concretizado — essa é a convicção da SGI. A consciência dos membros da SGI como bodhisattvas da terra sobre a necessidade real da transformação da humanidade os motiva a avançar com alegria e convicção na propagação do Budismo de Nichiren Daishonin.


a diferença entre felicidade relativa e felicidade absoluta

 

soka gakkai

Nascemos neste mundo para sermos felizes. Certamente ninguém deseja ser infeliz. Por isso, desde a antiguidade a felicidade representa uma das questões centrais da filosofia. 

Felicidade não é alguma coisa que os outros nos dão nem algo que ficamos aguardando e que, de repente, surge em nossa vida, independentemente de nossa vontade e esforço.

Edificar um estado de felicidade absoluta

Qual o tipo de felicidade que buscamos por meio da fé? O presidente Josei Toda resumiu a visão budista de felicidade em dois pontos básicos.

Em primeiro lugar, existe diferença entre felicidade relativa e felicidade absoluta. O Budismo de Nichiren Daishonin não rejeita a felicidade relativa de uma vida confortável ou de possuir boa saúde. Ter bom emprego e melhorar o padrão de vida são fatores importantes. Ao mesmo tempo em que empreendemos esforços positivos para alcançá-los, salientou Toda sensei, também devemos nos desafiar, por meio da prática budista, para atingirmos um estado de felicidade absoluta que nada é capaz de destruir — um estado em que viver seja em si uma alegria.

O segundo aspecto da visão budista de felicidade destacado pelo presidente Josei Toda é que todos nós nascemos neste mundo para desfrutar a vida. O Sutra do Lótus ensina que este mundo é um lugar “onde os seres vivos vivem felizes e tranquilos” (LSOC, cap. 16, p. 272). Porém, não conseguiremos apreciar a vida neste mundo, repleto de sofrimento, se nossa energia vital for fraca. Por isso, precisamos nos empenhar na prática budista para evidenciar nosso estado de buda interior e fortalecer nossa energia vital. Assim, podemos subir a íngreme estrada da vida com agradável tranquilidade e satisfação. As dificuldades e os desafios incalculáveis que enfrentamos se transformarão em algo que agregue alegria à nossa existência, como uma pitada de sal enriquece o sabor do doce. O desejo mais acalentado pelo presidente Josei Toda era que todos descobrissem o supremo prazer de viver.

Certamente, o mundo é um caos sem fim. Mesmo aqueles que mantêm uma vida admirável não conseguem escapar de ataques e críticas. Entretanto, sobre tais problemas, Daishonin diz: “Nunca permita que estes os perturbem” (CEND, v. I, p. 713).

Nós, além da família, também temos nossos amigos da Soka Gakkai, companheiros de fé, para compartilharmos nossos problemas. Não há necessidade de tentar suportá-los sozinhos e em silêncio. Além do mais, o Gohonzon está ciente de tudo. Não importando o que o outro possa dizer, devemos simplesmente viver com firmeza, da maneira que escolhemos. É importante recitarmos Nam-myoho-renge-kyo e nos empenharmos juntos, com bons amigos ao nosso lado nos apoiando e nos encorajando.

“Considere tanto o sofrimento quanto as alegrias como fatos da vida”

“Sofra o que tiver de sofrer, desfrute o que existe para ser desfrutado. Considere tanto o sofrimento quanto as alegrias como fatos da vida e continue recitando Nam-myoho-renge-kyo, independentemente do que aconteça” (CEND, v. I, p. 713), escreve Daishonin. Incontáveis membros da SGI gravaram esta passagem no coração e recitaram Nam-myoho-re­nge-kyo para ultrapassar seus problemas. Por mais dolorosa ou árdua que seja nossa situação, se continuarmos recitando daimoku ao Gohonzon com uma oração concentrada, nós infalivelmente a superaremos.

Uma oração assim lapida um caráter indômito, acende a chama da esperança infinita, traz a paz espiritual absoluta e aciona o progresso resoluto. É uma fonte de felicidade inigualável e um dos atos mais nobres que podemos realizar como seres humanos.

Felicidade é algo que cada um de nós deve alcançar por si e experimentar na própria vida. Porém, sua felicidade individual em detrimento da felicidade das demais pessoas não consiste em felicidade genuína. Simplesmente se satisfazer com o próprio bem-estar, sem a mínima preocupação com o próximo, é egoísmo. Pela mesma razão, deixar de lado a própria felicidade e se importar somente com a de outras pessoas também não basta. A verdadeira felicidade é uma condição em que tanto nós como os outros somos felizes.

Quando algo bom acontece, queremos compartilhar o fato com os outros — com a família, os amigos, os membros, com nosso mestre. A felicidade se expande e amplia dentro dessa rede de relacionamentos na qual dividimos nossas alegrias e tristezas.

Compreender que sua mente, sua vida, desde sempre é a de um buda acarreta o reconhecimento de que isso não vale só para si, mas também para os outros igualmente. Nós e os demais somos budas — uma percepção que faz nascer em nós uma sensação de absoluta alegria. Quando alcançamos a condição de vida de nos alegrar com o nosso bem-estar e o das outras pessoas, uma felicidade incomparável que perdurará por toda a eternidade começa a brilhar intensamente em nosso coração.

Estamos agora na nova era do kosen-rufu mundial, na qual ondas de alegria emanadas da “prática da fé para conquistar a felicidade” estão transcendendo fronteiras étnicas e barreiras de idiomas e se propagam por todo o planeta. Estamos nos empenhando para começar a era da vitória do povo na qual a humanidade como um todo possa conquistar a felicidade.

Constrói-se a felicidade por meio de esforços firmes e constantes a cada dia. E a base da nossa vida, que é voltada para a concretização da felicidade, é nossa inigualável prática diária da recitação do Nam-myoho-renge-kyo.

Estou orando fervorosamente hoje, e continuarei orando — para que sejam felizes, sem exceção, e adornem a vida com vitórias esplêndidas.


Consolidemos uma vida de vitórias magníficas

 

soka gakkai

Diante das dificuldades, simplesmente desistimos e aceitamos o fato como falta de sorte? Nós nos escondemos e esperamos o tempo solucionar o problema? Ficamos lamuriando nossa desgraça? Nos ressentimos e culpamos os outros ou o ambiente?

No momento em que se depara com adversidades, o verdadeiro valor do indivíduo se revela com extrema clareza. O segredo da vitória reside em possuir a fé corajosa de um rei leão, enfrentando resolutamente todos os obstáculos.

Toda sensei salientava a importância de ultrapassarmos cada dificuldade com que nos deparamos. “Cada vez que sobrepujamos uma montanha de adversidades fortalecemos dentro de nós a condição de vida do estado de buda que nada será capaz de destruir.” O fator crucial é desafiarmos cada problema no momento em que ele ocorrer. Não devemos aguardar até nossa fé ser profunda o bastante para tanto. É por enfrentarmos dificuldades que conseguimos lapidar nossa vida e edificar uma fé indestrutível como o diamante. Como afirma Daishonin, “Uma espada, mesmo exposta ao fogo intenso, suporta o calor durante algum tempo por ter sido bem forjada” (WND, v. I, p. 839).

Espero, portanto, que orem pela solução de seus problemas diante do Gohonzon. Quando transformamos problemas em oração ao recitarmos Nam-myoho-renge-kyo, a coragem brota de dentro de nós e a esperança começa a brilhar em nosso coração.

Não poderemos experimentar a “maior de todas as alegrias” (OTT, p. 212) se nutrirmos um medo descabido em relação às adversidades e relutarmos em sair de nossa zona de conforto. O Budismo de Nichiren Daishonin ensina uma maneira de viver que é o extremo oposto dessa passividade.

Daishonin ensina em suas escrituras, que viver de forma positiva e proativa é a verdadeira paz e tranquilidade na vida. Isso significa acolher prontamente todos os desafios, e considerar prazerosas as dificuldades, vendo-as como oportunidades para se tornar uma pessoa capaz de ajudar muitas outras.

Toda sensei dizia: “O Budismo de Nichiren Daishonin é um ensinamento que habilita aqueles que estão diante de adversidades a conquistar a felicidade. Não há ninguém tão forte quanto alguém que enfrentou e venceu árduas dificuldades. Uma pessoa assim pode se tornar um verdadeiro amigo e aliado dos que realmente estão sofrendo”.

Quando despertamos para nossa missão como bodisatvas da terra, uma força incrível emana de dentro de nós; todos os obstáculos com que nos deparamos se tornam dificuldades que escolhemos assumir por vontade própria para ajudar a conduzir outras pessoas à iluminação. E ao sobrepujarmos tais obstáculos, cumprimos nosso juramento de bodisatva de auxiliar os outros a serem felizes.

Nichiren Daishonin nos ensina a transformar fundamentalmente nossa atitude em relação às adversidades — deixando de ter pena de nós mesmos, questionando “Por que eu?” e adotando uma postura cheia de brio e confiança capaz de declarar “Deixa comigo!”.

Quando empreendemos o esforço de expandir nosso estado de vida, ativamos as funções que buscam obstruir esse processo. Assim como um barco seguindo em frente provoca ondas ou o ato de correr produz a resistência do vento, aqueles que tentam avançar no caminho da revolução humana experimentam uma resistência espiritual em forma de dúvida e apreensão em relação à fé. Esse é o real significado das forças ou funções demoníacas. Tais dúvidas e receios não surgem porque a fé é fraca ou falha. Na verdade, é exatamente o oposto.

É em meio a grandes dificuldades que podemos manifestar a condição de vida do estado de buda. Podemos romper a concha do nosso eu menor e revelar nosso eu maior, que é uno à Lei Mística. Por essa razão, devemos continuar recitando Nam-myoho-renge-kyo, evidenciar nossa coragem — ter o coração de um rei leão — e lutar contra todas as adversidades.

A vida não se refere a lamentar nosso destino, ficar à mercê do carma e sofrer de mãos atadas. Podemos superar as contrariedades e gerar felicidade tanto para nós mesmos como para os outros. O ensinamento da Lei Mística nos habilita a dar vazão ao poder ilimitado em nosso interior para fazermos exatamente isso. Esse é o propósito da fé no Budismo de Nichiren Daishonin. E o empenho abnegado na prática budista é fator indispensável para consolidarmos a mudança em nosso estado de vida denominada revolução humana.

Em Abertura dos Olhos, Nichiren Daishonin expressa: “Eu e meus discípulos, ainda que ocorram vários obstáculos, desde que não se crie a dúvida no coração, atingiremos naturalmente o estado de buda” (CEND, v. I, p 296). Não obstante que desafios possamos encontrar, se perseverarmos diligentemente em nossa prática budista sem nutrir dúvidas, podemos evidenciar a condição de vida do estado de buda.

O importante é num momento crucial manter sempre em mente as palavras do mestre e continuar avançando resolutamente pelo caminho escolhido de mestre e discípulo ao lado de nossos companheiros de prática.

Talvez alguns de vocês possam estar lidando com problemas complexos. Não há necessidade de tentar esconder a situação. Como Toda sensei costumava dizer, “Seja você mesmo e deixe as pessoas observarem quão arduamente está lutando para transformar seu destino”.

Pelo ato de desafiar dificuldades podemos manifestar nosso estado de buda. Quanto maiores forem as adversidades, mais intensamente brilhará nosso estado de buda. Edificar uma natureza desse tipo consiste no caminho para se atingir o estado de buda nesta existência.

A correta fé no Budismo de Nichiren Daishonin nos proporciona as asas da coragem, felicidade e vitória por toda a eternidade. Quanto mais ferozes os ventos da adversidade, mais alto alçaremos voo pela amplidão do céu e elevaremos nosso estado de vida com total tranquilidade e ilimitada alegria.

Sigamos em frente com confiança e orgulho, voando serenamente com as invencíveis e indestrutíveis asas Soka pelos céus da vitória eterna!

Consolidemos uma vida de vitórias magníficas suplantando todos os obstáculos de modo que possamos declarar: “Eu venci!”, “Nós vencemos!” Toda sensei com certeza ficará imensamente feliz com o relato de nossa vitória.



Por que ter um mestre?

 

daisaku ikeda

‘‘Viva de acordo com a sua própria vida!’’ esse foi o brado do Sr Josei Toda, o segundo presidente da Soka Gakkai, aos jovens. O Sr. Toda sobreviveu dois anos na prisão durante a Segunda Guerra Mundial, mas se manteve invicto e sua devoção à paz era inabalável. Na desolação que se seguiu à derrota do Japão, quando todos os valores estabelecidos foram destruídos ou ficaram revirados, ele retornou ao ponto inicial, à condição humana, e pediu-nos que começássemos novamente partindo de nossa própria revolução humana interior. O ensinamento do Sr. Toda foi uma revitalização da doutrina do Buda Shakyamuni de que somos os nossos próprios mestres, como jamais alguém poderia ser, e que, se disciplinarmos bem a nós mesmos, obteremos um mestre difícil de se achar.

O budismo é vivenciado por meio da “unicidade de mestre e discípulo". 

A “unicidade de mestre e discípulo” (shitei funi, em japonês) é um dos princípios fundamentais do budismo. O propósito primordial da prática budista é a felicidade absoluta ou o estado de buda – sabedoria humana em seu estágio mais elevado.

A unicidade de mestre e discípulo existe para estreitar o contato das pessoas com essa elevada sabedoria. O presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, explica: “O budismo é um ensinamento transmitido pela unicidade de mestre e discípulo. A unicidade selada entre o mestre e o discípulo é a essência da prática budista. Se nos esquecermos desse juramento, não atingiremos o estado de buda nem a felicidade absoluta; muito menos seremos capazes de realizar o kosen-rufu. A razão é simples: a Lei é transmitida por meio do laço que une o discípulo a seu mestre. O budismo é a lei da vida, e a lei da vida não pode ser transmitida apenas por palavras ou conceitos” (Terceira Civilização, ed. 476, abr. 2008, p. 48).

No século 13 no Japão, Nichiren Daishonin denominou essa Lei de Nam-

myoho-renge-kyo e dedicou-se incessantemente para estabelecer seu ensinamento que consiste em recitar o daimoku e ensinar às pessoas a praticar. Ao cumprir sua missão de constituir a prática e o método de propagação do budismo, Nichiren Daishonin concluiu uma importante etapa no movimento pelo kosen-rufu delegando a seus discípulos.

Após o falecimento de Nichiren Daishonin, a propagação de seus ideais e seus ensinamentos entrou em declínio. Somente no século 20, no Japão, o professor Tsunesaburo Makiguchi herdou o legado de Daishonin assumindo para si o juramento de realizar a ampla propagação do budismo com a fundação da Soka Gakkai.

Por que ter um mestre?

“Mestre, no Budismo de Nichiren Daishonin, é quem conduz as pessoas à Lei Mística ensinando-lhes que a Lei na qual devem confiar existe na vida de cada um. Os discípulos, por sua vez, buscam o mestre, que incorporam essa Lei em suas ações e vive em unicidade com ela. Além disso, eles se empenham na prática budista tendo o mestre como exemplo. Esse modo de vida permite aos discípulos se tornarem o mestre da própria mente” (BS, ed. 2.114, 14 jan. 2012, p. C5).

Mestre do kosen-rufu

O presidente Ikeda é o mestre do kosen-rufu, pois vem se dedicando ativamente para a construção de uma sociedade pacífica, tendo como premissa a dignidade da vida. Desde a juventude, abriu caminho, mesmo diante de inúmeras intempéries, para a ampla propagação do Budismo de Nichiren Daishonin visando a felicidade de toda a humanidade.

O discípulo, inspirado pela postura e conduta do mestre, põe em prática na vida diária suas orientações e exemplo, se destacando em todos os campos de atuação como ser humano capaz de transmitir felicidade e, assim, cumprir o juramento de propagar a Lei para todas as pessoas.


Queime as lenhas

  O budismo ensina como converter imediatamente o maior sofrimento em grande alegria. O que garante isso é o princípio “desejos mundanos são...