O vidro é um material frágil. Se manuseado de maneira errada pode cair, rachar ou se partir em mil pedaços. Podemos fazer uma paralelo com as relações em sociedade nos dias de hoje: frágeis e fragmentadas.
Se relacionar é quase sempre um exercício de sabedoria e compaixão. E quando praticamos o budismo entramos em contato com uma nova perspectiva de olhar para os fatos, visão esta que mostra o significado profundo de tudo o que acontece em nossa vida, e independente de crenças o valor de nossa existência se encontra em nossa atitude do dia a dia.
Para ilustrar, vamos usar um episódio relatado pelo Dr. Daisaku Ikeda com o seu mestre, Josei Toda:
"Jamais me esquecerei do dia 3 de maio de 1951. Nessa data, Josei Toda tomou posse como segundo presidente da Soka Gakkai. No fim da cerimônia, ele regeu uma canção com tanto vigor que o jarro e o copo sobre a mesa se chocaram e quebraram. O presidente Toda imediatamente nos ensinou o seguinte:
'O jarro pode alegar:
- Quebrei porque o corpo de vidro bateu em mim.
O copo, por sua vez, pode retrucar:
- Quebrei porque o jarro de vidro bateu em mim.
De fato, eles quebraram porque ambos possuíam inerente um elemento para que isso ocorresse.
O que teria acontecido se o choque fosse entre algodão e um copo de vidro?
Ele nunca se quebrariam.
Na fé é o mesmo. Muitos pensam que são infelizes por causa de outras pessoas. Isso está errado. Se nos tornarmos algodão, ninguém nos quebrará. É inútil culpar os outros. Precisamos mudar nosso próprio destino'.
Valendo-se desse incidente que ocorreu bem diante de nossos olhos, o Sr. Toda nos ensinou, de forma fácil e direta, como a filosofia budista é profunda.
O mesmo se aplica à nossas relações. As circunstâncias não são as responsáveis pelos nossos sofrimentos. É importante que [...] tenham força suficiente para permanecerem inabaláveis quando algo desagradável ocorrer."
A analogia do Sr. toda foi simples, mas carrega uma enorme reflexão sobre a maneira como lidamos e reagimos às circunstâncias do cotidiano. Será que estamos sendo como o vidro nos fragmentando e tornando cada vez mais frágeis as nossas relações? Ou estamos sendo como algodão? Oferecendo alento e neutralizando a vulnerabilidade das pessoas de nosso convívio?
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