quinta-feira, 30 de setembro de 2021

A distinção entre o bem e o mal no budismo é rigorosa.

 

soka gakkai

Qual o propósito da vida? Podemos ter uma existência enfadonha e sem objetivos. Não há como saber quando vamos adoecer. E cada um de nós, sem exceção, morrerá um dia.

Como resolver os problemas desafiadores da condição humana, os sofrimentos de nascimento, envelhecimento, doença e morte?

Não importa nosso currículo acadêmico impressionante, nossa posição social ou nossa riqueza — tudo isso não terá utilidade para nós quando depararmos com a morte. [Se apenas buscarmos esses quesitos], só nos restará um sentimento de vazio quando morrermos. O budismo descreve essa realidade como “a impermanência de todos os fenômenos”.

Nichiren Daishonin inscreveu o Gohonzon que nos permite transformar uma vida limitada pela “impermanência de todos os fenômenos” em uma vida “permanente, alegre, dotada de identidade e pureza”.

O Gohonzon pode ser considerado como um “aparelho” que possibilita a todas as pessoas se tornarem felizes. Ele também é a incorporação da vida do buda Nichiren Daishonin. Contém os benefícios dos sutras ensinados por Shakyamuni, geralmente referidos como os “oitenta mil ensinamentos”.

Daishonin nos diz que “os sete ideogramas do Nam-myoho-renge-kyo somente são as sementes para atingir o estado de buda” (Gosho Zenshu, p. 1553). Quando temos fé na Lei Mística (o Gohonzon) e recitamos Nam-myoho-renge-kyo, o estado de buda surge em nossa vida e alcançamos uma condição de imensa boa sorte e benefício. A Lei Mística é a lei fundamental do universo.

Assim como podemos nos conectar com pessoas em todo o mundo, em qualquer lugar, a qualquer tempo, pela internet, também podemos acessar instantaneamente a condição de vida do Buda quando oramos ao Gohonzon. Podemos nos mover em uma órbita que está em ritmo com a lei do universo. E com a força da fé e a força da prática, manifestamos livremente nosso potencial interior — extraímos nossa habilidade para obter estabilidade financeira, desenvolver a sabedoria, o intelecto, nossa personalidade e humanidade e a habilidade de direcionar nossa vida para a felicidade. Depende da nossa determinação, das nossas próprias ações e da força da nossa fé.

O budismo ensina que a condição de buda reside dentro de nós. Um buda não é nenhum ser sobre-humano. Praticamos o Budismo de Nichiren Daishonin para termos uma vida maravilhosa e realizada, tanto como indivíduos quanto como membros da sociedade.

Espero que todos vocês continuem a praticar resolutamente este budismo rumo à concretização do kosen-rufu, sempre se empenhando junto com a SGI.

A distinção entre o bem e o mal no budismo é rigorosa. É só lutando plenamente contra a maldade que poderemos estabelecer uma vida de genuína virtude e bondade e produzir grandes benefícios. Por favor, gravem isso no coração.

Aconteça o que acontecer, continuem recitando Nam-myoho-renge-kyo. Pensem no Gohonzon como os pais queridos com quem vocês partilham as tristezas e as alegrias.

Continuem a praticar o Budismo de Nichiren Daishonin — o caminho da insuperável felicidade —, mantendo uma fé que flui incessantemente como a água e avançando com serenidade, alegria e união com seus queridos companheiros.

Do fundo do meu coração, oro pela saúde e longevidade de vocês e para que desfrutem uma vida repleta de ilimitada boa sorte.



A Força dos hábitos do pensamento

 

soka gakkai

O Dr. Seligman enfatiza a necessidade de prestarmos atenção às explicações que damos aos fatos e ao diálogo inconsciente que mantemos com nós mesmos quando enfrentamos algum problema. Não percebemos os subterfúgios do nosso próprio pensamento porque durante anos eles se tornaram habituais.

Ele sugere que um método para nos conscientizarmos desses hábitos do pensamento é escrevermos o que pensamos quando deparamos com alguma situação constrangedora. Se descobrirmos que tendemos a reagir aos acontecimentos de forma pessimista, podemos praticar o exercício de “questionar” nossas próprias crenças negativas para mudar essa tendência.

Por exemplo, digamos que você ligue e deixe uma mensagem para sua amiga entrar em contato, mas ela não o faz. Pessoas com hábitos de pensamento pessimista explicarão a situação a si próprias dizendo: “Será que ela está me ignorando?” ou “Ela não liga porque acha que sou interesseiro”. Ao ouvir alguém chegar a essa conclusão a seu respeito, você lhe diz que essa pessoa está errada, mas quando explica para si próprio, cai na armadilha de pensar que suas conclusões são corretas. Por isso, questionar objetivamente nossas próprias crenças negativas pode ser útil: “De fato, ela sempre foi gentil comigo e não me ignoraria” ou “Agora me lembro, ela disse que estaria muito ocupada esta semana” ou “Talvez ela não esteja se sentindo bem”.

Você também poderia tentar outra linha de raciocínio: “E mesmo que ela estiver me ignorando, e daí? Quem disse que eu tenho de ser perfeito em tudo e que todo mundo precisa gostar de mim? Não importa o que os outros pensem, estou fazendo o melhor que posso. Não há por que ficar me atormentando!”.

O Dr. Seligman diz que devemos praticar esse tipo de pensamento positivo e gravar frases otimistas na mente.

As pessoas que praticam uma religião fazem isso em suas orações.

Uma vez que adquirimos a habilidade de sermos otimistas, jamais a perdemos; é como aprender a nadar ou a andar de bicicleta.

Em essência, a teoria do Dr. Seligman é que as pessoas podem mudar sua vida. De que maneira? Mudando seu modo de pensar. (...)

O budismo é a suprema psicologia da esperança, a suprema filosofia de vida da esperança. Um buda é aquele que percebe e compreende os maravilhosos poderes da mente.

As pessoas possuem uma capacidade infinita para a mudança que depende do seu estado de espírito. Além disso, o princípio budista dos “três mil mundos num único momento da vida” (ichinen sanzen), exposto no Sutra do Lótus, elucida que a transformação no estado de espírito de um único indivíduo pode mudar a sociedade e o ambiente em que habita. Seria muito mais fácil para nós, então, transformarmos nossa própria e pequena vida individual de acordo com a nossa vontade e conduzi-la na direção que queremos. Não há nenhuma razão para desistirmos.

Vamos descartar frases como “Eu não sirvo para nada” ou “Isso é impossível”. Quaisquer que sejam as circunstâncias que nos encontremos agora, vamos dizer a nós mesmos: “Eu vencerei no final!” “Eu tenho a melhor família do mundo!” e “Eu sou a pessoa mais feliz da face da Terra!”.



Oração de Juramento

 

soka gakkai

Um sorriso também iluminou o rosto queimado de sol do agricultor. Ele explicou que há pouco tempo iniciara o cultivo de hortaliças, mas a colheita fora um fracasso total. Como resultado, encontrava-se naquele momento atolado em dívidas. O agricultor queria saber, portanto, o que fazer para superar a situação.

Após ouvir atentamente a explicação do homem, Sensei perguntou-lhe:

— Qual foi o motivo do fracasso na colheita?

— Acho que o clima influenciou um pouco — respondeu, hesitante, o agricultor.

Sensei procurou instigar o homem, perguntando:

— O senhor saberia dizer se alguém obteve êxito no plantio e na colheita dessas mesmas espécies de hortaliças?

— Sim — foi a resposta —, mas a maioria fracassou.

— Será que houve algum problema com a adubação? — indagou uma vez mais Sensei Porém, a resposta do agricultor foi:

— Não sei...

— E quanto aos cuidados com o cultivo, será que foram adequados?

Ante essa pergunta o homem ficou em silêncio.

— O solo é adequado para o cultivo desse tipo de hortaliça? — inquiriu o presidente Yamamoto.

— Não tenho certeza...

O homem não soube responder satisfatoriamente a nenhuma das perguntas feitas por Shin’ichi. Como os demais agricultores, ele trabalhava duro dando o melhor de si. Mas ao pensar que isso bastava, acabou se descuidando do resto.

Então, Sensei começou a falar com mais firmeza:

— Antes de tudo, para não repetir o erro, deve avaliar o que causou o insucesso na colheita. O senhor pode consultar os agricultores que tiveram êxito na colheita e anotar o que eles têm para dizer. Procure também tomar as devidas providências para evitar outros fracassos. As pessoas que levam realmente a sério o que fazem, constantemente estudam e empregam a criatividade para resolver os problemas. Se negligenciar tudo isso, não obterá sucesso. É um grande erro pensar que terá uma colheita farta só porque está se empenhando na prática da fé. O budismo é um ensinamento da mais suprema razão. Portanto, a força de sua fé deve se manifestar no estudo, no planejamento, na criatividade e nos esforços redobrados. A recitação do daimoku com toda a seriedade é a fonte da energia para enfrentar esses desafios. O daimoku do senhor também deve ser um juramento.

— Juramento? — perguntou o homem. Ninguém nunca ouvira falar de tal conceito.

— Sim, um daimoku de juramento — respondeu Sensei.

— Significa fazer um juramento espontâneo e orar para cumpri-lo.

Sensei prosseguiu dizendo com mais ênfase:

— Em se tratando de oração, existem naturalmente várias formas de orar. Alguns oram para que tudo caia do céu, sem que tenham de se esforçar. A religião que incentiva esse tipo de oração conduz as pessoas à ruína. No Budismo de Nichiren Daishonin a oração é originalmente um juramento e sua essência é o kosen-rufu. Em outras palavras, essa oração significa recitar daimoku com a seguinte determinação: “Eu vou realizar o kosen-rufu do Brasil. Para isso, vou mostrar uma prova irrefutável em meu local de trabalho evidenciando as minhas melhores habilidades”. É assim que nossas orações devem ser. Com essa disposição, precisamos estabelecer objetivos claros do que desejamos realizar a cada dia, e orar e nos desafiar para concretizá-los. É dessa séria determinação que surgem a sabedoria e a criatividade que levam ao sucesso. Em síntese, para vencer na vida, precisamos de decisão e oração, esforço e planejamento. É um erro ficar à espera de um lance de sorte ou de uma oportunidade de enriquecer fácil e rapidamente. Isso não é fé; é mera fantasia. O trabalho é o esteio de nossa vida. Se não vencermos em nosso trabalho, não conseguiremos comprovar o princípio de que o “budismo é a própria vida diária”. Por favor, livre-se da postura acomodada e empenhe-se no trabalho com renovada decisão.

— Sim. Farei o melhor! — disse o homem. Seus olhos brilhavam com uma nova determinação.

Sensei sabia perfeitamente das dificuldades que todos aqueles imigrantes estavam enfrentando. Para serem bem-sucedidos naquelas circunstâncias, teriam de combater o próprio conformismo. O inimigo estava dentro deles.

Quanto maior a adversidade, mais forte deve ser a determinação de que agora é o momento para se conquistar a vitória e continuar desafiando a si mesmo. É exatamente nessa hora que o poder benéfico do Gohonzon se manifesta. Por essa razão, as adversidades são uma oportunidade para comprovar a força do budismo.



Gratidão por tudo

 

soka gakkai

“Muito obrigado” é uma expressão extraordinária. Ela nos enche de energia quando a expressamos aos outros e nos encoraja quando alguém a dirige a nós. Estou sempre dizendo “Obrigado”, de manhã à noite, todos os dias. Quando viajo ao exterior, é o vocábulo do idioma do país visitado que sempre aprendo e uso. Seja “Obrigado”, MerciDankeGraciasSpasiba ou Xie xie, canalizo meu coração, olhando nos olhos da pessoa ao externar minha consideração.

Quando ouvimos ou dizemos a palavra “obrigado”, removemos a armadura do coração e nos comunicamos em um nível profundo. “Obrigado” é a essência da não violência. Contém respeito pelo outro, humildade e uma profunda afirmação da vida. Possui otimismo, tem força. Uma pessoa que consegue dizer “obrigado” com sinceridade possui um espírito vigoroso e saudável; cada vez que dizemos essa palavra, nosso coração reluz e a energia da vida emerge de dentro de nós.

Ter gratidão e apreço por incontáveis pessoas e fatores que sustentam nossa vida — consciência, sentimento e alegria — atrairá uma felicidade ainda maior. Em vez de nos sentirmos gratos por estarmos felizes, é o fato de sermos gratos em si que nos fará feliz. Da mesma forma, orar com gratidão nos coloca em ritmo com o universo, direcionando nossa vida a um rumo positivo.

Quando nosso crescimento cessa, não somos capazes de dizer “obrigado”. Ao nos desenvolvermos, percebemos quanto os outros também são maravilhosos; mas ao pararmos de crescer, só vemos as falhas das pessoas.

Em casa, em vez de tentar mudar o parceiro ou os filhos conforme o seu gosto, por que não começar com um simples “Muito obrigado”?

Havia uma integrante da Divisão Feminina que sofrera de demência nos anos finais de sua vida, e não conseguia se lembrar nem mesmo do nome dos familiares. No entanto, quando o médico lhe perguntou qual tinha sido o momento mais feliz de sua vida, ela imediatamente respondeu: “Quando minha filha nasceu. Fiquei tão feliz!”. Ao ouvir isso, os olhos da filha, que estava em pé perto da mãe, se encheram de lágrimas. “Muito obrigada”, disse ela. “Obrigada, mamãe, é tudo o que eu precisava ouvir”.

A filha refletiu sobre como ela sempre estava repreendendo seu filho. “Sim”, pensou, “Como fiquei feliz quando ele nasceu!”. Contudo, com o passar dos anos, impelida pela idealização do que seria uma criança perfeita, ela tentou moldar seu filho para ajustá-lo ao seu modelo, priorizando apenas os pontos em que ele não satisfazia o seu ideal, atendo-se a apontar as falhas dele em um aspecto ou em outro. Ainda assim, a despeito de quanto era exigente, o filho tentava dar tudo de si para corresponder às expectativas dela. Ele era gentil com ela. Quando esses pensamentos lhe vieram à mente, um sentimento de imensa gratidão a invadiu. “Muito obrigada. Sou feliz simplesmente por você estar vivo e bem. Sou feliz só por você estar aqui ao meu lado. Muito obrigada”.

Ela passou a enxergar o filho com outros olhos e, de repente, possuía inúmeros motivos para ser grata e feliz. Afinal, embora fosse difícil tirá-lo da cama de manhã, ele acaba se levantando, mesmo que, às vezes, no último minuto. Isso, em si, já era algo surpreendente. Ele era um tanto “implicante” com a comida e podia não ser o primeiro aluno da classe, mas ela se sentia grata somente por ele ir para a escola com um belo sorriso no rosto a cada dia.

Sentia-se grata por tudo, mesmo quando nada de especial acontecia. Era grata a cada dia que passava com sua família bem e segura. Ela percebeu que não dar valor a tais fatos, considerando tudo muito natural, era sintoma de arrogância profunda e impregnada da própria vida dela.

De forma similar, há pessoas que, ao receber o diagnóstico de uma doença séria, percebem pela primeira vez quanto achavam normal ter saúde e que nunca valorizaram tudo o que tinham.

Espero que pelo menos de vez em quando olhem nos olhos de seu companheiro(a) e digam “Muito obrigado(a)”. Em vez de jantarem juntos em silêncio, aproveitem para expressar sua estima. No começo pode parecer um pouco embaraçoso, mas tentem e verão como isso transforma a vida.


Uma saudação agradável pode ligar instantaneamente os corações

 

soka gakkai

Muitas vezes começamos o expediente com sono, mal-humorados ou simplesmente não querendo falar com os colegas. Outras vezes, não achamos que cumprimentar as pessoas seja importante.

Uma saudação agradável pode ligar instantaneamente os corações. Essa ligação de vida ocorre mesmo que seja a primeira vez que ambos se veem ou se são pessoas com as quais não se simpatizam num primeiro momento.

Não importa se obteve ou não resposta ao seu cumprimento. Quem ganha é quem toma a iniciativa de cumprimentar o outro. Pessoas que conseguem prezar e respeitar as demais são respeitadas. Aquelas que conseguem saudar as outras pessoas de forma alegre, sincera e calorosa são seres humanos verdadeiramente admiráveis. O ato de cumprimentar as pessoas é uma arte que reflete a condição de vida da pessoa.

Uma vez que vão utilizar a voz, se a usarem de modo radiante, repleta de disposição, isso deixará o ouvinte também feliz. Digam com energia: “Olá!”; “Bom dia!”, “Obrigado!”. Esse entusiasmo abre de maneira grandiosa os portões da vitória do dia.

Não hesitem em cumprimentar as pessoas e em fazer novos amigos. Ao ativarmos a natureza de buda das pessoas, estimulamos a proteção das funções positivas do universo sobre elas.

Naturalmente, se estiverem em uma situação na qual não seja apropriado utilizar a voz, podem cumprimentar as pessoas com um aceno ou um sorriso.

Quando comecei a trabalhar na empresa do presidente Josei Toda, aos 21 anos, decidi adotar dois hábitos: primeiro, cumprimentar a todos e, inclusive, meus superiores de maneira alegre e radiante; segundo, sempre chegar ao local trinta minutos antes do horário de início para limpar e organizar o escritório.

Um local de trabalho em que ecoa o som alegre das saudações pela manhã prospera. Da mesma forma, um local limpo e organizado estará livre de acidentes e contratempos.

Adotei essas duas atitudes sem que alguém tivesse me ordenado a fazê-las. Meu desejo era simplesmente ajudar e apoiar o presidente Josei Toda, colaborar para que sua empresa crescesse.

O período da manhã é decisivo; é a chave para um dia de sucesso.

Toda sensei costumava dizer: “Uma pessoa que chega ao trabalho atrasada e é repreendida pelo chefe nunca progredirá na vida. Em especial, os novos funcionários devem chegar mais cedo para conquistar a confiança”.

O gongyo e o daimoku da manhã são bons presságios da vida para vencer o dia inteiro. O presidente Josei Toda orientou que, exatamente por sermos praticantes do Budismo Nichiren, tínhamos de vencer no início do dia para conquistarmos vitórias ao longo da vida.



Qual é o objetivo da vida? É a felicidade

soka gakkai


Qual é o objetivo da vida? É a felicidade. Tanto no budismo quanto na prática da fé, o objetivo é conquistar a felicidade. Nichiren Daishonin afirma em sua escritura: “Não há felicidade maior para os seres humanos do que recitar o Nam-myoho-renge-kyo. O sutra diz: ‘...onde os seres vivos vivem felizes e tranquilos’. Que outro significado essa passagem poderia ter senão a alegria ilimitada da Lei?’” (CEND, v. I, p. 713). Podemos dizer que a palavra “felizes” indica viver com toda a liberdade e o termo “tranquilos” que dizer desfrutar inteiramente as alegrias da vida.

Quando se possui forte energia vital e abundante sabedoria, pode-se vencer prazerosamente as mais diversas dificuldades da vida, como um surfista aproveita as grandes ondas para alcançar a satisfação da prática do surfe ou como um alpinista desafia íngremes montanhas pelo prazer de escalá-las e atingir o topo de cada uma.

Nichiren Daishonin afirma que não há felicidade maior do que recitar o Nam-myoho-renge-kyo porque a Lei Mística é a fonte básica da energia vital e da sabedoria. A vida é rigorosa. Desafiar corajosamente essa rigorosidade e comprovar a vitória na vida diária, no trabalho, na escola ou no lar, e continuar vencendo — essa “ilimitada ascensão” tem como força propulsora o budismo e a prática da fé.

Uma pessoa que possui “sabedoria” e “energia vital” originadas da prática da fé se torna capaz de conduzir a vida para um rumo melhor, para uma direção cada vez mais sólida. Isso não é ilusão — é vitória e mais vitória que realmente ocorrem. O verdadeiro e sábio praticante é aquele que consegue introduzir a si mesmo nesse ritmo.

O presidente Makiguchi costumava dizer: “Criar o supremo valor e conquistar a suprema felicidade — eis o objetivo da vida”. O nome “Soka Gakkai” significa “organização que cria o supremo valor e realiza a suprema felicidade”. Portanto, o objetivo da vida consiste em realizar a suprema felicidade, isto é, a felicidade absoluta. Em outras palavras, a felicidade absoluta é aquela que emana de dentro de si mesmo, não se altera com o passar do tempo, continua eternamente e não é influenciada por qualquer circunstância externa da vida. Não é algo temporário como posição social, fama ou fortuna. É uma “posição na vida” em relação à “Lei” que se alcança com base nessa “Lei” e que se torna eterna junto com a “Lei”, podendo viver como eternos “soberanos da vida”.

Meu maior desejo é que os senhores possam desfrutar uma vida plena de satisfação, e que possam dizer “Minha vida é realmente plena de felicidade”, “Eu não tenho nenhum arrependimento” e “Minha vida é de completa satisfação”.


sejam pessoas de corajosa fé que vencem a si mesmos

 

SOKA GAKKAI

O kosen-rufu é uma longa e extensa jornada na qual se avança passo a passo, abrindo caminho em meio à realidade da sociedade. Nesse trajeto, haverá vários tipos de grandes ondas, como crises financeiras, que afligirão a vida diária. Por isso mesmo, além de traçar planos claros no longo prazo no tocante a como se manter, é especialmente importante haver esforços para solidificar a base financeira. É um erro pensar “Tudo vai dar certo porque estou fazendo a prática da fé”. Budismo é razão. Um modo de vida sem perspectivas não é duradouro. Além disso, se o planejamento financeiro do cotidiano for conduzido de forma desregrada e o ritmo diário for descompassado, não conseguirá superar o rigor da realidade. Tudo é conforme o princípio “prática da fé é vida diária”. Quero que deem importância a cada simples passo dado na vida, e mantenham uma forte e vigorosa fé visando a estabilidade e o progresso no seu cotidiano.

trecho do capítulo “Encorajamento do Bodisatva Mérito Universal” do Sutra do Lótus: “Mérito Universal, se nas eras posteriores houver pessoas que abraçam e recitam este sutra, elas não mais ambicionarão nem se apegarão a vestimentas, roupas de cama, bebidas, alimentos ou outras necessidades do cotidiano. Seus desejos não serão em vão e, na existência atual, receberão a recompensa da boa sorte”

Essa passagem do Sutra do Lótus afirma que, nos Últimos Dias da Lei, as pessoas que abraçarem o Gohonzon e mantiverem firme fé abandonarão o modo de vida no qual são arrastados pelos desejos materiais e entrarão na condição de vida de plena satisfação e realização de todos os desejos. Para manter firme a prática da fé, é necessário ter coragem. Coragem não é algo que se direciona para fora. É o coração determinado a seguir rompendo com suas próprias dúvidas e limites, como a fraqueza interior, o eu que tenta evitar as dificuldades, o eu que se acovarda diante de novos desafios, e o eu que, quando ocorre algo do seu desagrado, culpa os outros e fica com rancor. Essa é a mais importante força para a conquista da felicidade. Peço que os senhores sejam pessoas de corajosa fé que vencem a si mesmos.


Inverno Amargo ou Estação Dourada?

 

soka gakkai

O budismo, em geral, concentra-se em solucionar os sofrimentos de nascimento, envelhecimento, doença e morte. Contudo, a essência do Budismo de Nichiren Daishonin não consiste simplesmente em ultrapassar esses “quatro sofrimentos”. No Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente (Ongi Kuden), Daishonin afirma: “As palavras ‘quatro lados’ [da Torre de Tesouro] representam o nascimento, o envelhecimento, a doença e a morte. Utilizamos os fatores nascimento, envelhecimento, doença e morte para adornar as torres que são o nosso corpo” (OTT, p. 90). O Budismo Nichiren, portanto, ensina uma compreensão mais profunda sobre esses quatro sofrimentos, observando que eles podem ser transformados em tesouros que agregam dignidade e esplendor às “torres que são o nosso corpo”, à torre de tesouro da nossa vida.

Um ditado diz: “Para o tolo, o envelhecimento é um inverno amargo; para o sábio, uma estação dourada”. Tudo depende da nossa atitude, de como lidamos com a vida. Encaramos a velhice como um período de declínio que termina com a morte ou um período em que temos a oportunidade de atingir nossos objetivos e dar à nossa vida um término gratificante e de contentamento? Será a velhice um caminho descendente que leva ao esquecimento ou um caminho ascendente que nos conduz a picos mais altos? A mesma velhice — em termos de riqueza e de realização que alguém pode experimentar — será dramaticamente diferente, dependendo de como é encarada.

Vamos fazer da terceira idade a “terceira idade da juventude”. Juventude não é algo que desbota com o tempo. Nossa atitude com relação à vida nos faz jovens. Contanto que mantenhamos uma atitude positiva e o espírito de desafio, continuaremos a ganhar profundidade e riqueza e nossa existência adquirirá o brilho reluzente do ouro ou da prata polida.

Creio que possamos afirmar que o mais importante desafio da terceira idade seja nos mantermos fiéis a nós próprios até o último momento e mostrarmos isso aos que estão ao nosso redor.

As lembranças e recordações que as pessoas têm de alguém que já faleceu, o exemplo que deixou, podem se tornar grande fonte de encorajamento e força para os que ficam.

O que podemos deixar como um legado para os outros na nossa terceira idade? Despidos de riqueza, fama, posição social, a única coisa que resta depois que alguém morre é o exemplo de como viveu como ser humano.

Nichiren Daishonin declara: “Se acender uma lamparina para outra pessoa, iluminará também o próprio caminho” (WND, v. II, p. 1060). Em uma sociedade que envelhece, esse espírito de contribuir para o bem-estar dos demais é muito importante. Essencialmente, significa iluminar o próprio caminho.

O Budismo Nichiren ensina que, como temos uma dívida de gratidão com todos os seres vivos, devemos orar para que eles alcancem a iluminação (WND, v. II, p. 637).

Valorizar as pessoas e apreciar o relacionamento humano — esses são requisitos essenciais para criar uma sociedade em que as pessoas desfrutem, verdadeiramente, uma vida longa e realizada.

O que importa é quanto podemos melhorar nossa qualidade de vida durante o tempo em que estamos nesta terra, independentemente de sua duração. Há uma diferença entre simplesmente ter uma vida longa e ter uma vida rica e gratificante. Ela pode, por exemplo, ser realizada e produtiva, mesmo que seja curta em relação à medida do tempo.

O importante é que aproveitemos cada dia sem arrependimento, avançando em nosso trabalho pelo Kossen Rufu; que continuemos a acalentar no coração um radiante propósito e razão para viver, não obstante a idade. Manter-se cada dia desse modo é a chave para uma existência de profunda satisfação e realização.


quarta-feira, 29 de setembro de 2021

como a prática da fé no budismo pode curar uma doença?

 

soka gakkai

“Gostaria de saber como a prática da fé no budismo pode curar uma doença”. Ozaki tinha muito interesse em saber a resposta para essa pergunta.

O responsável pela reunião respondeu prontamente:

“Iniciando pela conclusão, a prática da fé possibilita a manifestação do estado de buda na forma de energia vital. E é com essa energia vital que se pode curar uma doença. Vamos tomar como exemplo duas pessoas com a mesma doença que estão recebendo o mesmo tratamento médico. Uma pode curar a doença mais rapidamente que a outra. Essa diferença provém da energia vital, e sua fonte é a prática da fé”.

A explicação abrangeu também o princípio da “unicidade de corpo e mente” e enfatizou a importância da determinação no âmago da vida.

“O budismo não rejeita a medicina. Se ficarmos doentes, devemos buscar orientações médicas. Budismo é razão. Por isso, precisamos aplicar os recursos da medicina. Contudo, não devemos nos esquecer de que a força básica para vencer uma doença depende da nossa energia vital.”

Ozaki aceitou a resposta por ser clara e racional e decidiu participar de outras reuniões.

Nos vários contatos que teve com diversos membros, cada vez mais ele se impressionou com a dedicação desses praticantes com os demais companheiros. Soube que uma senhora idosa estava com câncer e os membros iam visitá-la quase todos os dias para incentivá-la e orar por sua pronta recuperação.

Numa reunião, Ozaki ouviu o seguinte relato:

“Por meio da prática do budismo, encontrei o verdadeiro caminho para a felicidade. Por isso, estou me esforçando para ensinar o budismo aos meus amigos. Creio que o ato de ensinar a felicidade para uma pessoa está ligado com a paz mundial”.

Ozaki foi mudando gradativamente seu ponto de vista sobre a Soka Gakkai. Ele não encontrou nenhum ritual mistificado que prometia cura milagrosa de doenças. A organização era completamente diferente. Os membros eram pessoas ativas que buscavam não só o próprio bem-estar, como também o de outras pessoas. Eles se esforçavam para se tornar bons cidadãos e pessoas indispensáveis no local de trabalho.

Ele não encontrou também nenhum tipo de idolatria, muito menos um guru que ditava ordens para o grupo religioso. Ficou sabendo que a doutrina se baseava na coletânea dos escritos de Nichiren Daishonin chamada Gosho.



o sabor da vida

 

soka gakkai

Afirma-se que aqueles que superaram uma grave doença sentem com mais intensidade o sabor da vida. No Budismo de Nichiren Daishonin, a doença é considerada um estímulo para se alcançar o objetivo supremo: o estado de buda. O infortúnio de ser acometido por uma grave doença pode se tornar o trampolim para uma condição de felicidade absoluta que perdure por toda a eternidade.

Uma famosa passagem dos escritos de Nichiren Daishonin diz: “Como o Sutra Vimalakirti e o Sutra do Nirvana ensinam que as pessoas enfermas sem falta atingirão o estado de buda, não seria a doença de seu marido um desígnio do Buda? A doença faz surgir em nós a determinação de entrar no caminho” (CEND, v. II, p. 202).

Com essas palavras, Daishonin incentiva calorosamente uma seguidora cujo marido estava padecendo com uma doença. Essa orientação transmite a sabedoria e a compaixão ilimitadas que fluíam profusamente dele.

É verdade que uma doença angustiante pode nos motivar a recitar daimoku com mais seriedade e em maior abundância que de costume. Exatamente nessas épocas de sofrimento é que precisamos fazer a chama da nossa fé arder com mais intensidade que nunca. O que conta é se convertemos essa doença num ponto de partida para um curso de felicidade ainda maior ou no declínio rumo ao precipício.

O poder da recitação do Nam-myoho-renge-kyo não apenas produz forte energia vital para nos ajudar a superar a doença, como também transforma o carma nas profundezas do nosso ser. Eleva nosso “eu” interior ao mundo do estado de buda e nos permite obter imensurável boa sorte, que propicia um estado indestrutível de felicidade absoluta.

Podemos, então, galgar além da condição neutra de recuperar a saúde e transformar de forma brilhante a condição negativa da doença numa condição ampla e positiva, direcionando nossa vida para a felicidade. O que nos possibilita extrair esse poder é a fé indômita — a fé capaz de transformar até a adversidade num trampolim para um estrondoso crescimento.

Obviamente, a fé não pode curar de maneira imediata todos os tipos de doença. Cada pessoa possui seu próprio carma, e a força da fé de cada uma também difere. Além disso, a luta contra a doença pode abranger vários significados profundos que a sabedoria comum não consegue sondar. Contanto que tenhamos fé, não há dúvida de que seremos capazes de reverter nossa situação na direção da saúde, felicidade e do estado de buda. Da perspectiva de que a vida perdura pelas “três existências” — passado, presente e futuro —, podemos mudar nossa vida para a melhor direção possível, rumo à felicidade.

É importante continuar orando fervorosamente e manter nosso ardente compromisso com o kosen-rufu pulsando intensamente em nosso coração enquanto vivermos. Essa determinação na fé sólida e primorosamente fortalecida compõe a força primordial para ultrapassarmos de maneira serena os sofrimentos de nascimento e morte.



“Uma Mulher de Poucas Palavras”

 

soka gakkai

 “Uma Mulher de Poucas Palavras”

Nossa família era grande: meus pais, eu, quatro irmãos mais velhos, dois irmãos mais novos, uma irmã mais nova e dois filhos adotivos. Éramos doze. Meu pai era um homem à moda antiga, tanto que havia sido apelidado de “Sr. Cabeça-Dura”. Minha mãe cuidava dele e dos dez filhos com toda a paciência do mundo.

Minha mãe era uma pessoa muito perseverante; nunca a ouvi reclamar de nada. Mesmo quando o negócio familiar de algas marinhas comestíveis estava em perigo e quando nossa casa foi incendiada por bombardeios durante a Segunda Guerra Mundial, ela não soltou sequer uma palavra de lamentação; simplesmente continuou a cuidar dos filhos e a realizar suas tarefas domésticas.

Recordo-me de uma ocasião em que dividíamos uma melancia que havia sido cortada de acordo com o número de pessoas presentes. Um dos filhos, que já havia terminado de comer seu pedaço, disse para minha mãe: “Já que a senhora não gosta de melancia, eu vou comer seu pedaço”. E minha mãe respondeu: “Não é que de repente comecei a gostar de melancia?!”. Ao dizer isso, separou uma fatia para um dos filhos que ainda não havia chegado.

É curioso, mas me lembro até hoje, de forma vívida, de sua voz e de sua expressão. Creio que meu jovem coração tenha sido profundamente tocado por seu amor e por seu senso de imparcialidade. Com base nesse tratamento igualitário, aprendemos também a nunca dizer ou a fazer algo que prejudicasse outras pessoas.

Outro aprendizado foi ver como minha mãe se preocupava com a nossa alimentação. Apesar de ter poucos recursos financeiros, ela sempre nos preparava refeições nutritivas. Mesmo com as privações da guerra, nenhum de nós sofreu de desnutrição. Até eu, que tinha uma saúde bastante frágil, ela conseguiu nutrir; mas, para isso, com certeza deve ter se esforçado em dobro.

Naquela época, tínhamos apenas uma galinha. Os ovos que ela botava eram distribuídos por ordem de idade, começando pelos irmãos mais velhos. Porém, com todos aqueles filhos, o mais novo tinha de esperar um bom tempo para ganhar seu ovo. Ele sempre aguardava ansiosamente por esse dia, que lhe parecia uma eternidade. Certa ocasião, quando chegou a vez dele, meu irmão mais novo foi até o galinheiro buscar seu ovo. Para sua surpresa e alegria, encontrou não apenas um, mas quatro ovos! Voltou todo contente, dizendo: “A galinha botou quatro ovos hoje!”. Todas as crianças se alegraram e aplaudiram aquela sorte inesperada. A verdade é que minha mãe havia se levantado bem cedo, saído e comprado os outros três ovos, e os colocou embaixo da galinha. No café da manhã, ela se sentou sem dizer nada. Com certeza, ela se sentiu muito feliz ao ver a expressão de alegria contentamento no rosto dos filhos.

A lembrança que guardo da minha mãe é a de uma mulher de poucas palavras, mas que expressava sua grande afeição por nós. Sinto muito orgulho dela, uma mãe que conseguiu compartilhar seu amor com todos os dez filhos igualmente. Até hoje ouço sua voz benevolente ecoando dentro de mim, sempre me direcionando a fazer o que é correto, a discernir o certo e o errado.

Os conselhos de minha mãe eram basicamente estes: “Não faça nada que cause problemas aos outros”; “não minta”. Quando começamos a frequentar a escola, ela acrescentou o seguinte ao seu direcionamento: “Quando decidir fazer algo, assuma a responsabilidade e faça isso você mesmo”. Desde aquela época, essas palavras ficaram gravadas em meu coração, e jamais me esquecerei delas.


Coragem é a essência da fé

 

soka gakkai

Coragem é a essência da fé

 Num dos registros do seu diário, quando o senhor tinha 22 anos, encontramos a seguinte passagem: “Estou mais cansado que nunca. Minha saúde piora cada vez mais”1 e “Estou perdendo peso. É visível. Jamais me renderei à maldade da doença”.2 Essa foi a primeira vez que os negócios do presidente Josei Toda entraram em declínio. No entanto, o senhor trabalhou incansavelmente e sozinho para melhorar a situação.

O médico me desenganou dizendo que eu não viveria até os 30 anos. Por isso, dei tudo de mim todos os dias para não ter arrependimentos, considerando cada dia como o último.

Toda sensei se preocupava muito com a minha condição física. Certa vez, ele orou comigo em frente ao Gohonzon na sede da Soka Gakkai e me advertiu: “Sua energia vital é frágil. Se ela for frágil, você será derrotado pelos desafios”. Ele era um mestre que se importava com seu discípulo. Então, lutei com todas as forças para corresponder às suas expectativas.

Naquela época, lia as escrituras do buda Nichiren Daishonin nas horas vagas. Fazia diversas anotações em meu diário para gravá-las em meu coração. Uma delas era uma carta endereçada a Shijo Kingo e à sua esposa, Nichigen-nyo, que lamentavam e sofriam com a doença que a filha recém-nascida enfrentava.

“A espada é inútil nas mãos de um covarde. A poderosa espada do Sutra do Lótus deve ser manejada por alguém corajoso na fé. Então, essa pessoa será mais forte que um demônio armado com um cajado de ferro” (CEND, v. I, p. 431).

A essência da fé é a coragem. Como discípulo de Toda sensei, convoquei toda a minha coragem para lutar contra a maldade da doença e da morte. Ao mesmo tempo, orei com a decisão de extrair tudo de mim e usar a “poderosa espada” da fé para eliminar os obstáculos que obstruíam a Soka Gakkai e meu mestre.

Tenho a certeza de que Toda sensei ficaria impressionado e feliz em ver que ainda estou liderando o movimento pelo kosen-rufu com boa saúde e muita disposição. Esse é o resultado da minha incansável dedicação à batalha conjunta de mestre e discípulo para realizar o kosen-rufu. Foi ao me empenhar nessa luta que obtive o benefício de “prolongar a vida por meio da fé na Lei Mística”.

Ser saudável é superar tudo

 O fato de o senhor batalhar contra a doença e obter êxito em seus esforços sem precedentes pela paz, cultura e educação se tornou certamente o maior incentivo para os jovens que lutam contra a doença nas mesmas circunstâncias.

 Ninguém consegue escapar dos “quatro sofrimentos” — nascimento, envelhecimento, doença e morte. Nesse sentido, nossa vida é uma constante batalha contra a doença. Por isso, jamais devemos temê-la e muito menos negligenciá-la. É importante tomar medidas rápidas e práticas para prevenir surpresas.

Para outra discípula, cujo marido estava doente, Daishonin escreve: “Esta doença não poderia (...) ser um desígnio do Buda, uma vez que os sutras do Nirvana e Vimalakirti ensinam que a pessoa doente seguramente atingirá o estado de buda? A doença faz brotar a determinação de atingir o caminho” (WND, v. I, p. 937).

Podemos usar as dificuldades da doença como combustível para abastecer e fortalecer nossa fé, desenvolvendo uma condição de vida mais profunda. Com base na Lei Mística e na dimensão da eternidade, a batalha contra a doença é a provação que permite atingir a felicidade e a vitória.

A doença não significa que a pessoa não seja saudável; também não é definida pelos outros ou pela sociedade. A verdadeira saúde significa ter uma atitude positiva sobre a vida e um forte caráter que não é abalado por nada. Cada um de vocês possui uma missão importante e magnífica. Desejo que tenham esperança e sejam inspirados a viver ao máximo, sem arrependimentos.

Tornem-se verdadeiramente saudáveis e incentivem aqueles que sofrem com a doença.

Os sofrimentos de nascimento, envelhecimento, doença e morte podem ser transformados numa vida vitoriosa imbuída das “quatro virtudes” — eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza. Esse é o propósito da vida Soka, ou seja, a criação de seres humanos de grande valor.

Oro diariamente com forte determinação para que vocês continuem vivendo dessa forma e desfrutem excelente saúde.

Para muitos discípulos de Nichiren Daishonin, a doença era motivo de sofrimento. Por isso, ele lhes enviava diversas cartas de incentivos.

 Exatamente. Quando Nanjo Tokimitsu estava seriamente doente, Nichiren Daishonin juntou todas as suas força para redigir A Prova do Sutra do Lótus para incentivá-lo. Daishonin escreveu esta carta em fevereiro de 1282 e a endereçou a Nanjo Tokimitsu, um jovem samurai de 24 anos [na época, Daishonin também estava doente e viria a falecer oito meses depois]. Ele escreve: “Agora que parece estar pronto para atingir o estado de buda, é provável que o demônio celestial e os espíritos malignos estejam se valendo da enfermidade para intimidá-lo” (CEND, v. II, p. 376).

No mesmo período, houve a Perseguição de Atsuhara.3 Nanjo Tokimitsu mostrou seu forte e corajoso juramento [seigan] da fé. Ele não se abateu e protegeu seus companheiros de Atsuhara.

Doença não é sinônimo de derrota. Não ficamos doentes porque nossa fé é fraca. As dificuldades da doença que surgem quando decidimos realizar o kosen-rufu são simplesmente ações das forças maléficas que tentam nos impedir de manifestar o estado de buda. Não podemos deixar que a doença nos assuste, pois Daishonin nos ensina a evidenciar a coragem para enfrentá-la e atingir a iluminação nesta existência.

Quando nos deparamos com a doença, é importante fortalecermos nossa fé ainda mais. Por favor, continuem recitando Nam-myoho-renge-kyo com a determinação de fazer da doença uma oportunidade de comprovar o poder da fé e alcançar um verdadeiro e magnífico crescimento humano.



O caminho do aprimoramento e da mudança

 

soka gakkai

Para um grande amadurecimento como ser humano, a árdua batalha é um fator necessário e imprescindível. Isso porque o faz cultivar uma força semelhante à de ervas daninhas, que resistem e persistem mesmo diante das piores condições. Contudo, na atualidade, há uma forte tendência de os jovens fugirem daquilo que requer mais esforços ou que necessita reflexão e ponderação. Acredito que aí esteja a grande armadilha que impede o amadurecimento e o desenvolvimento dos jovens. Quando ponderam seriamente em relação ao que farão de sua vida e, munidos de um ideal, encaram a realidade fitando cada questão de sua existência, é natural que deparem com vários tipos de dúvidas, angústias e conflitos. Mesmo em relação ao trabalho, por exemplo, quanto mais forte o desejo de se desenvolver ou de mudar algo, maiores provavelmente serão suas aflições ou sofrimentos. Em algum momento, pode ser que se sintam incapazes, acreditem que não têm mais forças e percam a esperança em tudo. A questão crucial é como se levantarão para abrir um novo caminho de vida a partir de tais circunstâncias. É por isso que se deve enfrentar as provações. Se os jovens derem as costas aos ideais e à realidade e viverem apenas conforme as circunstâncias, possivelmente enfrentem menos situações desafiadoras; no entanto, perderão as oportunidades para se aprimorar como seres humanos e treinar seu espírito. Ao final, acabarão se tornando apáticos em relação à vida, dando importância somente ao momento, e além de serem incapazes de construir sua verdadeira felicidade, fecharão as portas do futuro da sociedade.

Shin’ichi se inquietava diante da atual tendência crescente de as pessoas evitarem o árduo esforço e o trabalho diligente buscando apenas o resultado fácil. Isso levaria a um modo de vida de ilusão, que busca somente a fortuna imediata. Pode-se dizer que esse aspecto encontrava correspondência na ideia de resignação de que este mundo era uma terra impura e que qualquer esforço ou desafio persistente em meio à realidade era em vão, e recitando apenas o nome do buda Amida esperavam alcançar o paraíso distante.

Na verdade, aí se encontra o “único mal” que causa a infelicidade comum aos seres humanos.

O caminho do aprimoramento e da mudança é o da batalha contra desafios e adversidades. Mas é no dia a dia vivido dessa maneira que existem a satisfação da vida, o dinamismo, o entusiasmo e também o mais sublime fruto do desenvolvimento de si próprio.

É por esse motivo que Gandhi declarou: “A alegria não se encontra na vitória em si, mas sim na luta, no esforço e no sofrimento para alcançá-la”.1

A batalha árdua fortalece o espírito, é o pai que multiplica a força humana e a mãe que gera a alegria.


espírito de mestre e discípulo

 

soka gakkai

Pessoas notáveis invariavelmente se importam com os pais e os prezam. Observei isso por meio das amizades que cultivei com líderes do mundo inteiro.

Na carta [de incentivo ao discípulo], Daishonin lembra a Tokimitsu que a mãe dele, ao carregá-lo no ventre, deve ter sofrido tanto que parecia que ia morrer, e a dor que suportou na hora de dar à luz foi tamanha que chega a ser inimaginável (cf. WND, v. II, p. 637).

A mãe de vocês, sem dúvida, suportou uma dor terrível para possibilitar que nascessem. Dar à luz é realmente uma luta de vida ou morte. Só por isso já deveríamos sentir e demonstrar gratidão por nossa mãe.

Por essa razão, o presidente Josei Toda sempre era muito rigoroso com aqueles que não tratavam bem os pais. Certa vez, ele repreendeu com voz furiosa como um trovão um jovem que motivou preocupação aos pais: “Não sabe quanto sofrimento está causando aos seus pais?!”.

Imediatamente após a passagem que citei, Daishonin escreve: “Mesmo que não sinta em seu coração que conseguirá fazê-lo, a pessoa poderá saldar [a dívida de gratidão que possui com o pai e com a mãe] por intermédio do poder deste sutra” (Ibidem, p. 638).

O que ele deseja transmitir com essas palavras é que a Lei Mística possui o poder de conduzir todas as pessoas à felicidade. Orando profundamente com fé na Lei Mística e mantendo uma vida correta e vigorosa voltada para o bem, ativamos as funções protetoras do universo e desenvolvemos naturalmente uma condição (estado) de vida na qual conseguimos prezar e ser gratos aos nossos pais. (…)

Mesmo que não expressem em palavras, é por vocês que eles se dedicam, oram, trabalham e lutam o máximo que podem sem se pouparem. Esse é o tamanho do amor dos pais. (…)

Talvez alguns de vocês, assim como Tokimitsu [conforme carta do buda Nichiren Daishonin], tenham perdido um ou ambos os pais. Entretanto, lembrem-se de que eles continuam­ vivendo em seu coração. Quando recitar Nam-myoho-renge-kyo, eles estarão lá no Gohonzon. Estarão sempre com vocês nas profundezas da vida.

Pode ser que os pais de alguns de vocês não sejam membros da Soka Gakkai ou que tenham um relacionamento difícil com eles. Seja qual for o caso, peço-lhes que orem de todo o coração pela felicidade deles.

Levantem-se com bravura por si sós e vivam vigorosamente com base na fé. Triunfem na juventude e vençam na vida com coragem e ousadia. Estudem com afinco, desenvolvam a mente e o corpo e sejam grandes líderes do kosen-rufu e da sociedade.

Dar tudo de si agora, mesmo que implique uma luta árdua, é a melhor maneira de saldar a dívida de gratidão com os pais. Essa atitude sincera também fará o espírito de mestre e discípulo brilhar em sua vida.



A base fundamental para vencer a doença

 

soka gakkai

— É óbvio que todos devem se atentar para não ficar doente, ter uma vida regrada, preocupar-se com seus hábitos alimentares e se empenhar em preservar a saúde. Contudo, também há doenças relacionadas com fatores hereditários. O importante é não serem derrotados pela enfermidade. Por exemplo, suponhamos que uma pessoa fique com dificuldade de locomoção devido a uma doença. Podemos afirmar que isso já determina sua infelicidade? Não, em hipótese alguma. Conheço muitos membros da Soka Gakkai que vivem com entusiasmo desfrutando plenamente a felicidade, mesmo não conseguindo andar. Na vida, assim como a doença, existem muitas outras adversidades com as quais todos podem se deparar, como o desemprego ou a falência nos negócios. Mas não é isso em si que torna as pessoas infelizes. Nessas horas, por pensarem que “tudo acabou na sua vida” e perderem as esperanças, ficarem abatidas, impassíveis ou desesperadas é que elas próprias se tornam infelizes. Ou seja, ser derrotado por obstáculos como a doença significa ser abalado e influenciado por esses fenômenos, e derrotado em seu coração. Assim sendo, para superar e vencer as situações adversas, é preciso seguir orando firmemente até o fim com a forte determinação do leão: “Eu não serei derrotado! Vou superar tudo sem falta e coroar minha vida com vitória!”. Nichiren Daishonin disse: “O Nam-myoho-renge-kyo é como o rugido de um leão. Que doença pode, portanto, ser um obstáculo?”. Por outro lado, é justamente por existirem sofrimentos e preocupações e por conseguir superá-los e vencê-los que se pode comprovar o grandioso poder benéfico do budismo. A experiência da luta contra a doença também se torna uma força para impulsionar o kosen-rufu. Este é o budismo que faz com que tudo na vida ganhe significado. Por esse motivo, ao se receber um diagnóstico de doença, deve-se pensar: “Vou conseguir acumular mais um relato de comprovação da fé! O tesouro que prova a força do budismo se multiplicará!”. Em vez de lamentarem ou desanimarem, devem se levantar imponentemente e confrontar a doença. Por favor, transmita isso à Sra. Kuriyama.

Koichi Towada ouvia as palavras de sensei Yamamoto comovido com a sincera consideração e disposição dele.

— A base fundamental para vencer a doença é fazer emergir a grande energia vital de dentro da vida. Essa energia é manifestada com a máxima força quando se decide viver a qualquer custo para proteger os outros. Ao vermos os registros de pessoas que sobreviveram na época da guerra e depoimentos de pessoas repatriadas, mães que estavam obstinadas a proteger sem falta os filhos sobreviveram vigorosamente, mais fortes que ninguém. Nós objetivamos a concretização da felicidade de todas as pessoas e a paz do mundo denominadas kosen-rufu. Ao orarem para superar sua doença para seguir cumprindo essa missão, a vida do bodisatva da terra, a grandiosa vida do Buda emergirá de dentro do seu ser e transbordará. É por meio disso que se consegue vencer a doença. Mesmo realizando a prática budista, pode acontecer de falecer de doença enquanto jovem. Para nós, mortais comuns, é impossível sondar o carma negativo que cada indivíduo carrega. Contudo, pessoas que devotam sua existência em prol do kosen-rufu possuem uma extraordinária e intensa chama da vida e de alegria. Sua maneira de viver e suas ações irradiam um nobre brilho como ser humano, e conquistam a simpatia de muitos companheiros. Existem também pessoas que, mesmo estando enfermas na cama, continuaram a incentivar com todas as suas forças os companheiros que as visitavam. Temos também aqueles que continuaram a recitar daimoku enquanto sua consciência se esvaía, até o último suspiro. Assim é o aspecto de alguém que conclui sua existência como bodisatva da terra. Não há dúvida de que extinguiu seu carma negativo.



budismo de determinação

 

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Hiroto Muraki chegou em 1957 com sua esposa e alguns parentes. Quando ainda estava no Japão, vendera sua casa, o campo de plantações, os móveis e tudo o que podia ser negociado. Sua decisão era radicar-se definitivamente nas terras dominicanas. (...)

O local do assentamento ficava próximo da fronteira com o Haiti, a 330 quilômetros a noroeste de Santo Domingo, capital da República Dominicana. O terreno que recebeu foi cinco vezes menor do que a área prometida e ficava a mais de cinco quilômetros da colônia de imigrantes. Era uma área de terra vermelha, ressequida e dura como pedra. Ará-la com enxadas parecia uma tarefa impossível.

Após muito esforço, conseguiu arar apenas um terço da área recebida. Entretanto, a primeira plantação não produziu quase nada devido ao intenso calor e à falta de água. Hiroto Muraki só conseguiu colher um pouco de tomate.

Embora existisse um sistema precário de irrigação, a água era racionada e distribuída em horários preestabelecidos. Quando chegava sua vez de receber a água, ele aguardava sem dormir.

Numa dessas ocasiões, a água não chegou. Ele resolveu então seguir pelo canal de irrigação para verificar o que havia acontecido. O vizinho havia desviado o canal para usufruir da água de Hiroto.

Todos estavam numa situação precária, entre a vida e a morte. Não tinham mais condições de cumprir os acordos ou pensar nos outros. Hiroto ficou triste ao saber que o coração de seus companheiros havia ficado tão árido quanto aquelas terras. A disputa por água, que era uma questão de sobrevivência, gerou brigas e conflitos entre vizinhos e parentes.

O arroz que Hiroto trouxera do Japão havia acabado. Cada dia era uma luta pela sobrevivência. Ele sentia um aperto no coração quando via o rosto das duas filhas que nasceram após o casal chegar ao local do assentamento.

Ele pensava seriamente em como manter o sustento da família. Depois de refletir muito, resolveu abrir um pequeno comércio de alimentos, reformando um barraco perto de sua casa. Como sua família era composta na maioria por mulheres — esposa, sogra e cunhada — contaria com a ajuda delas. Começou a vender arroz, sal, açúcar e água potável. Com o lucro que obteve, pôde aliviar, ao menos, a fome dos familiares. Porém, a renda era limitada porque a freguesia era formada apenas por vizinhos.

Hiroto não suportava mais essa vida sem perspectivas promissoras. Além disso, sua outra cunhada morrera durante o parto por falta de assistência médica na região, e os imigrantes de sua vizinhança começavam a retornar ao Japão.

Nessa situação de desesperança, Hiroto escreveu uma carta à sua mãe no Japão, dizendo que pretendia voltar quanto antes, apesar de ter-lhe dito na partida que seria um homem bem-sucedido dentro de dez anos.

Após algum tempo, ele recebeu uma carta com a resposta da mãe. Ela contava-lhe que havia ingressado na Soka Gakkai e que estava praticando o budismo: “O Gohonzon tem um poder extraordinário. Se você recitar também o Nam-myoho-renge-kyo, poderá encontrar o caminho para a felicidade. Por isso, tente mais uma vez, empenhando-se na recitação do daimoku”.

Hiroto não acreditou inicialmente que uma religião pudesse resolver seus problemas e melhorar sua vida. Entretanto, ao reler várias vezes a carta, o sentimento e a preocupação da mãe pela felicidade dele penetraram em seu coração. Além disso, Hiroto não tinha outro meio para mudar o rumo de sua vida.

Começou então a recitar o daimoku sem saber seu significado. Ao orar por dez a vinte minutos, sentiu-se aliviado. Com esse resultado, decidiu empenhar-se com seriedade na recitação do daimoku. Isso aconteceu em 1962.

Depois de algum tempo, a sogra de Hiroto, que sofria de problemas estomacais, também iniciou a prática budista. Porém, em vez de melhorar, as dores tornaram-se mais intensas.

A vizinhança logo comentou que a sogra de Hiroto adoecera por causa de uma religião estranha.

Hiroto indignou-se com isso e escreveu para a mãe, transmitindo-lhe que não praticaria mais o budismo. Depois de alguns dias, recebeu uma carta do irmão que também era praticante: “Sua situação é comparável a um cano que ficou sem ser utilizado por longo tempo. Quando abrir a torneira, ele despejará inicialmente somente água suja com ferrugem. Porém, depois de deixar escorrer a água por algum tempo, toda a sujeira do encanamento terá saído, dando lugar à água limpa. Isso acontece também com nossa vida quando começamos a praticar o budismo. Se persistirmos em nossos esforços, apesar dos obstáculos, com certeza, alcançaremos a vitória”.

Hiroto refletiu sobre as palavras do irmão e continuou a se empenhar na prática. Algum tempo depois, sua sogra já estava com a saúde recuperada e todos da família começaram a recitar o gongyo e o daimoku.

Certo dia, um cavalheiro dominicano apareceu em seu armazém e comprou um refrigerante. Era o prefeito de uma cidade vizinha, que fez uma proposta a Hiroto.

– Você não poderia produzir mudas de arroz em suas terras? As terras da minha cidade são impróprias para esse tipo de cultivo e tenho comprado mudas em outros locais.

Hiroto respondeu que seu maior problema era a falta de água para irrigar sua plantação, e que se resolvesse esse problema poderia aceitar a proposta de trabalho.

O prefeito prometeu que tomaria providências para melhorar o sistema de irrigação e que Hiroto poderia iniciar o trabalho de arar a terra.

Com essa inesperada proposta e com abundância de água para irrigar o solo, Hiroto teve sucesso no cultivo de mudas de arroz, obtendo várias safras por ano. Ele teve de contratar mais de vinte empregados para atender à demanda. Enfim, conseguira ver uma luz no fim do túnel. Era o primeiro benefício da prática da fé.

Com o dinheiro que juntou com a produção de mudas de arroz, ele transferiu-se no final de 1962 para uma região mais populosa onde predominava a produção de arroz. (...)

Hiroto não tinha carro nem carteira de habilitação. Por isso, procurava trabalhar ao máximo para poder alugar um carro com motorista a fim de realizar as atividades juntamente com sua esposa, Isoko, nos fins de semana, viajando às vezes por dias seguidos.

Os japoneses que experimentaram a dura realidade nas colônias de imigrantes reconheceram no sucesso de Hiroto a importância da prática da fé e começaram gradativamente a abraçar o budismo. Ao mesmo tempo, apesar de em meio às adversidades, descobriram um novo significado na vida: “Nós temos a missão de ensinar o budismo às pessoas desta terra a fim de conduzi-las à felicidade. E é justamente para cumprir essa missão que viemos para cá. Por isso, aconteça o que acontecer, jamais seremos derrotados pelas adversidades. Vamos vencer infalivelmente toda e qualquer dificuldade”.

Eles descobriram que tanto a felicidade como a infelicidade são definidas, antes de tudo, no âmago da vida. Isso é chamado no budismo de determinação.



um pequeno local será grande o bastante

 

soka gakkai

[O gigante da literatura Johann Wolfgang von Goethe (1749–1832)] escreveu:1


"Você deseja vagar por um lugar distante,

preparando-se para dar seu ligeiro voo,

mas seja fiel a si mesmo e aos outros;

então até mesmo um pequeno local será grande o bastante".


O local em que estamos exatamente agora é o que realmente importa. Isso é ainda mais verdadeiro para nós que abraçamos a Lei Mística. O budismo nos ensina que podemos transformar qualquer lugar em que estivermos na Terra da Luz Eternamente Tranquila. [...]

Goethe declarou:2

"É melhor realizar o mínimo no mundo

do que passar meia hora tão pequeno".

Passar trinta minutos por dia desafiando assiduamente algum empreendimento pode transformar completamente nossa vida. [...]

Como um indivíduo que lutava continuamente para se desenvolver e crescer, o espírito de Goethe estava cheio de otimismo e de gratidão. Ele observava: “A ingratidão é sempre um tipo de fraqueza. Nunca vi um homem de sólido valor ser ingrato”.3

Com esse “coração de ouro”, Goethe continuou a ter uma vida vigorosa marcada por grande criatividade e valor até mesmo em seus oitenta anos. Ele escreveu: “Minha inteligência e meu talento são considerados em mais alta estima em meu coração. Mas meu coração é meu único orgulho... As coisas que sei qualquer um pode saber. Mas sou o único que pode possuir meu coração”.4

Da mesma forma, Nichiren Daishonin ensina que o coração é o que mais importa e nos pede para acumularmos o tesouro do coração, que é o mais valioso de todos. Com esse espírito, vamos nos empenhar para criarmos a vida de riqueza insuperável. […]

[Josei] Toda escreveu:5

“Temos realmente de valorizar nosso trabalho, usar nossa disposição e realizar esforços para sermos bem-sucedidos... É importante nos satisfazermos, aprofundarmos os conhecimentos em nosso campo e vivermos com a determinação de assumir a responsabilidade em nosso local de trabalho”.

Em outra ocasião, ele observou:

“Nós que abraçamos a fé no Gohonzon não devemos lamentar as péssimas condições econômicas. Em vez disso, devemos nos empenhar para transpormos essas dificuldades manifestando uma grande força vital, ponderando cuidadosamente sobre o que precisamos fazer e trabalhando arduamente. É isto o que esta passagem do Gosho quer dizer: ‘Quando o céu está límpido, a terra se ilumina. De maneira semelhante, quando a pessoa conhece o Sutra do Lótus, ela compreende o significado de todas as questões seculares’ (CEND, v. I, p. 395)”.

A sabedoria, a tenacidade e o poder de expressão próprios são vitais, assim como uma forte energia vital que torna tudo isso possível. O budismo é uma ardente luta para vencer. É isso o que Daishonin ensina. Portanto, um budista não deve ser derrotado. Espero que todos mantenham um espírito alerta e desafiador em seu trabalho e em sua vida diária, agindo corajosamente e demonstrando continuamente uma triunfante prova real.


‘três corpos (do buda) eternamente dotados’

 

soka gakkai

— Gentileza e timidez podem ser vistas como diferentes expressões da mesma natureza subjacente. Ao assumir a forma de gentileza, é positiva; ao assumir a forma de timidez, ela pode ser negativa. Quando essa natureza subjacente atua consistentemente de maneira negativa, pode se tornar a causa da infelicidade.

— Por exemplo, pessoas de temperamento explosivo por natureza podem, muitas vezes, acabar brigando com os colegas de trabalho. Isso pode distanciar aqueles ao redor, gerando relacionamentos tensos. Em alguns casos, essa “cabeça quente” pode levá-los a ser dispensados ou a pedir demissão. E, sendo esta sua natureza básica, o mesmo problema certamente surgirá aonde quer que vão. Nossas naturezas básicas não mudam, mas por intermédio da prática budista canalizamos de modo positivo. Nichiren Daishonin afirma: “Quando alguém passa a compreender e a perceber que cada ser — a cerejeira, a ameixeira, o pessegueiro e o damasqueiro — em sua própria entidade, sem passar por nenhuma mudança, possui os ‘três corpos (do buda) eternamente dotados’…” (OTT, p. 200). O budismo ensina o caminho para cada um de nós, da maneira como somos, alcançar a felicidade ao mesmo tempo em que evidenciamos o melhor de nossa disposição e potencial inatos — assim como a cerejeira, a ameixeira, o pessegueiro e o damasqueiro manifestam a natureza que lhes é peculiar. As pessoas de temperamento explosivo também costumam ser passionais e ter forte senso do que é certo e errado. Esforçando-se na prática budista, elas não vão mais perder a cabeça por coisas sem importância, e se tornarão pes­soas de forte compromisso contra o mal e a injustiça. Do mesmo modo, pessoas que tendem a ser muito agradáveis ou facilmente manipuladas pelos outros são, na maioria das vezes, bondosas e hábeis em conviver bem com os outros. Por meio da prática do budismo, elas revelam o lado positivo de sua natureza. Extrair esse ponto positivo é o que chamamos de revolução humana. O mais importante é como fazer com que essa transformação ocorra. Basicamente, o essencial é recitar Nam-myoho-renge-kyo e continuar efetuando progressos em sua vida. É fundamental realizar autorreflexão e descobrir aspectos e tendências problemáticos de sua vida. Todos nós temos falhas. Talvez nos inclinemos a culpar os outros quando algo ruim nos acontece, ou nos falte perseverança, ou não estejamos dispostos a ouvir a opinião dos outros. Esses defeitos podem se tornar tendências negativas que obstruem nosso crescimento pessoal e felicidade. Porém, a menos que alguém aponte essas tendências negativas, talvez não as percebamos. Aí é que entram os nossos veteranos na fé e os companheiros de prática. Eles podem nos alertar sobre nossas falhas e nos apoiar no esforço para ultrapassá-las. Também devemos orar sinceramente para desafiar e transformar nossas tendências negativas. Além disso, também podemos nos fortalecer e desenvolver com as atividades da Soka Gakkai.



“não deixar ninguém para trás”

 

soka gakkai

O primeiro compromisso deve ser nunca deixar para trás os que lutam para sobreviver em situações adversas. Em anos recentes, a dimensão dos danos causados por desastres naturais se expandiu, devido a eventos climáticos extremos. Tais impactos afetam tanto os países desenvolvidos como os em desenvolvimento. No ano passado, os tufões Faxai e Hagibis atingiram diversas regiões no Japão, sendo a causa de vendavais, chuvas intensas e inundações a deixar vastas regiões do país sem água e energia elétrica, destruindo o tecido da vida diária.

(...)

Tanto o clima como o comércio afetam de forma profunda a economia e a sociedade. Nesse sentido, acredito que a visão do presidente fundador da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi (1871–1944), estabelecida em seu trabalho Jinsei Chirigaku [Geografia da Vida Humana], de 1903, merece nossa atenção. Makiguchi comparou a natureza limitada no tempo do conflito militar com a natureza constante e duradoura nos tempos da competição econômica. A primeira, disse ele, acontece subitamente e produz um terrível sofrimento do qual estamos conscientes, enquanto a última ocorre gradualmente e sem drama, de forma a não chamar a atenção.

Makiguchi buscou ressaltar que, por conta da crueldade da guerra ser bem visível, as pessoas têm consciência clara dela e criam oportunidades para evitar um mal maior por meio de negociações ou mediações. Não é o caso da competição econômica, conduzida de forma contínua e em parte inconsciente, cujos efeitos são vistos como determinados por meio de um processo de “seleção natural”. Dessa forma, eles desaparecem no cenário da vida social, tornando-nos suscetíveis a ignorar as condições desumanas e o sofrimento que resultam deles.

Na época de Makiguchi, o mundo era assolado pelas forças do imperialismo e do colonialismo, e se considerava natural buscar prosperidade à custa de outras sociedades. Essa visão do mundo implicava aceitar que certos setores ou grupos seriam sacrificados e que a privação deles não nos afetaria. Ideia essa construída nas profundezas da sociedade como uma camada de sedimentos ou de lodo.

Dessa forma, a competição econômica da “sobrevivência do mais forte” tende a acelerar sem trégua a previsão de Makiguchi de que “em última instância, o sofrimento que ela causa é muito mais devastador (que o da guerra)”. No século 21, quando globalização e integração econômica avançaram muito além do tempo de Makiguchi, tais riscos são maiores que nunca.

Makiguchi jamais negou o valor da competição no funcionamento da sociedade, considerando que o empenho mútuo pela excelência é fonte de energia enriquecedora e de criatividade. Mas ele considerava problemática a tendência de ver o mundo exclusivamente como um local de competição pela sobrevivência, ao alicerçarmos nosso comportamento no pressuposto de que nossa vida é independente de todas as demais e na contínua negação dos efeitos de tal comportamento. A base do pensamento de Makiguchi era a consciência de que este mundo é, acima de tudo, um local de vidas compartilhadas.


Queime as lenhas

  O budismo ensina como converter imediatamente o maior sofrimento em grande alegria. O que garante isso é o princípio “desejos mundanos são...