quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Inverno Amargo ou Estação Dourada?

 

soka gakkai

O budismo, em geral, concentra-se em solucionar os sofrimentos de nascimento, envelhecimento, doença e morte. Contudo, a essência do Budismo de Nichiren Daishonin não consiste simplesmente em ultrapassar esses “quatro sofrimentos”. No Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente (Ongi Kuden), Daishonin afirma: “As palavras ‘quatro lados’ [da Torre de Tesouro] representam o nascimento, o envelhecimento, a doença e a morte. Utilizamos os fatores nascimento, envelhecimento, doença e morte para adornar as torres que são o nosso corpo” (OTT, p. 90). O Budismo Nichiren, portanto, ensina uma compreensão mais profunda sobre esses quatro sofrimentos, observando que eles podem ser transformados em tesouros que agregam dignidade e esplendor às “torres que são o nosso corpo”, à torre de tesouro da nossa vida.

Um ditado diz: “Para o tolo, o envelhecimento é um inverno amargo; para o sábio, uma estação dourada”. Tudo depende da nossa atitude, de como lidamos com a vida. Encaramos a velhice como um período de declínio que termina com a morte ou um período em que temos a oportunidade de atingir nossos objetivos e dar à nossa vida um término gratificante e de contentamento? Será a velhice um caminho descendente que leva ao esquecimento ou um caminho ascendente que nos conduz a picos mais altos? A mesma velhice — em termos de riqueza e de realização que alguém pode experimentar — será dramaticamente diferente, dependendo de como é encarada.

Vamos fazer da terceira idade a “terceira idade da juventude”. Juventude não é algo que desbota com o tempo. Nossa atitude com relação à vida nos faz jovens. Contanto que mantenhamos uma atitude positiva e o espírito de desafio, continuaremos a ganhar profundidade e riqueza e nossa existência adquirirá o brilho reluzente do ouro ou da prata polida.

Creio que possamos afirmar que o mais importante desafio da terceira idade seja nos mantermos fiéis a nós próprios até o último momento e mostrarmos isso aos que estão ao nosso redor.

As lembranças e recordações que as pessoas têm de alguém que já faleceu, o exemplo que deixou, podem se tornar grande fonte de encorajamento e força para os que ficam.

O que podemos deixar como um legado para os outros na nossa terceira idade? Despidos de riqueza, fama, posição social, a única coisa que resta depois que alguém morre é o exemplo de como viveu como ser humano.

Nichiren Daishonin declara: “Se acender uma lamparina para outra pessoa, iluminará também o próprio caminho” (WND, v. II, p. 1060). Em uma sociedade que envelhece, esse espírito de contribuir para o bem-estar dos demais é muito importante. Essencialmente, significa iluminar o próprio caminho.

O Budismo Nichiren ensina que, como temos uma dívida de gratidão com todos os seres vivos, devemos orar para que eles alcancem a iluminação (WND, v. II, p. 637).

Valorizar as pessoas e apreciar o relacionamento humano — esses são requisitos essenciais para criar uma sociedade em que as pessoas desfrutem, verdadeiramente, uma vida longa e realizada.

O que importa é quanto podemos melhorar nossa qualidade de vida durante o tempo em que estamos nesta terra, independentemente de sua duração. Há uma diferença entre simplesmente ter uma vida longa e ter uma vida rica e gratificante. Ela pode, por exemplo, ser realizada e produtiva, mesmo que seja curta em relação à medida do tempo.

O importante é que aproveitemos cada dia sem arrependimento, avançando em nosso trabalho pelo Kossen Rufu; que continuemos a acalentar no coração um radiante propósito e razão para viver, não obstante a idade. Manter-se cada dia desse modo é a chave para uma existência de profunda satisfação e realização.


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