sábado, 8 de janeiro de 2022

Resposta ao desafio

 

daisaku ikeda

Resposta ao desafio

[ Quem convidou o presidente Ikeda para conhecer Londres foi o Dr. Arnold J. Toynbee. O diálogo entre ambos ocorreu em maio de 1972 e de 1973, na residência de Toynbee, em Londres. Além de falar a respeito da trajetória de vida do grande historiador e de sua esposa, Veronica, apresenta histórias de vitórias de companheiros que se empenharam nos bastidores para o sucesso desse diálogo. Ele declara que o “coração como sol” das mulheres possui a força de transformar tristezas em esperança.]


Juntos,

partamos agora

para a jornada das

flores desta era.


O Dr. Toynbee, que foi pioneiro e original no desenvolvimento dos horizontes da história da civilização, a começar pela sua grande obra Um Estudo da História, e da discussão a respeito da paz e da fé na humanidade, foi exposto a inúmeras pressões. Ele também perdeu o amado filho num terrível acidente.

Contudo, o Dr. Toynbee, que defende a visão histórica de que o avanço da humanidade reside na “resposta” diante do “desafio” a diversas questões, manteve até o fim a convicção de que ele próprio encontraria sentido mesmo a partir do sofrimento.

Sua esposa o apoiou sempre, com o mesmo coração. Com certeza, deve ser por isso que ele pôde afirmar: “Para alguém que tem uma companheira tão próxima, mesmo o exílio deixa de ser exílio. Qualquer que seja o lugar, onde está o amor da esposa se torna a sua pátria”.2

Numa vida dedicada a abrir novos caminhos, adversidades da mesma grandeza estão à espreita. À medida que nos incentivamos diante de cada uma delas e as superamos, acredito que aprofundam, fortalecem e dignificam o amor e a confiança da família, fazendo desabrochar belas flores da alegria de viver.

Tenho amigos que me apoiaram diariamente com toda a seriedade nos trabalhos do meu diálogo com o Dr. Toynbee. Quando o diálogo do dia se encerrava, ouviam novamente as gravações para transcrevê-las, datilografando o conteúdo. Sem esse árduo trabalho nos bastidores, a coletânea de diálogos entre o Dr. Toynbee e eu jamais seria concluída.

Uma mulher, que também ajudava nesse processo, estava envolvida com uma peça teatral. Ela se esforçava ao máximo para datilografar tudo antes de correr para o teatro onde trabalhava. Ela evidenciou sua força jovem com alegria e coragem fazendo desses dias árduos um tesouro da história de sua juventude.

Posteriormente, ela se tornou diretora de palco do mundo do teatro, posição essa que ainda era dominada pelos homens.

Em uma passagem de um drama de Shakespeare, que honra a Inglaterra, consta: “De agora em diante, vamos suportar qualquer sofrimento, até o sofrimento gritar ‘eu desisto’ e morrer”.3

Como mãe solteira, ela trabalhou arduamente para criar os filhos e também se engajou ativamente a fim de contribuir para o bem-estar da comunidade. Foi uma luta indescritível contra a ansiedade e a insegurança diante de vários problemas, entre eles a dificuldade financeira.

No entanto, ela decidiu em seu coração que não culparia ninguém pelas dificuldades, não reclamaria e teria autoconfiança. Ela transformou tudo em palco para a própria revolução humana. Ela assumiu um alto cargo executivo de uma das escolas de teatro musical mais importantes do país e ainda atua como diretora do departamento de teatro de uma universidade, contribuindo para o desenvolvimento de muitos jovens.

Nada poderia deixar minha esposa e eu mais felizes que o drama de vitória de uma mulher que se empenhou arduamente na luta nos bastidores. Nós dedicamos a ela uma grande salva de palmas com gratidão e respeito.

Já no século 18, Mary Wollstonecraft (1759–1797), pioneira do movimento em defesa dos direitos das mulheres, afirmava que as mulheres eram o sol.4 O “coração como sol” das mulheres, seja no teatro da vida ou no palco do mundo real, está repleto da força que transforma a escuridão em luz, o sofrimento em alegria, a tristeza em esperança e a desunião em harmonia.



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