sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Todos nós desejamos a felicidade

 

soka gakkai

Todos nós desejamos a felicidade e, ainda assim, a felicidade parece estar sempre fora do nosso alcance. Inúmeros filósofos abordaram a questão da felicidade. Acredito, sem exceção, que suas conclusões foram incompletas. Embora muitos livros sobre “como ser feliz” apareçam, os seres humanos ainda estão, em sua maioria, atormentados pelos mesmos problemas de seus antepassados. Os pobres buscam riqueza, os doentes anseiam ser saudáveis, os que sofrem com conflitos no lar desejam harmonia, e assim por diante. Mesmo que consigamos ter riqueza, saúde e uma família feliz, inevitavelmente nos encontraremos desafiados por problemas em outras áreas. Além disso, ainda que possamos moldar, de alguma forma, as circunstâncias que demonstram satisfazer todas as condições necessárias para a felicidade, por quanto tempo conseguiremos mantê-las? Obviamente, não será para sempre. Poucos de nós evitam as doenças e o lento enfraquecimento do corpo que acompanham o envelhecimento, e nenhum de nós consegue escapar da morte.

Problemas, no entanto, não são em si a causa fundamental da infelicidade. De acordo com o budismo, a verdadeira causa [da infelicidade] não consiste apenas em termos problemas mas, sim, na insuficiência de poder e de sabedoria para resolvê-los. O budismo ensina que todos os indivíduos possuem inerentemente um infinito poder e sabedoria e revela o processo pelo qual essas qualidades são desenvolvidas. Ao abordar a questão da felicidade, o budismo não se concentra na eliminação do sofrimento e das dificuldades, que são inseparáveis da vida, mas no cultivo das potencialidades que existem dentro de nós. Poder e sabedoria, explica o budismo, derivam da energia vital. Se cultivarmos força vital suficiente, conseguiremos não somente resistir às adversidades da vida mas transformá-las em causas da felicidade e do empoderamento.

Se esse é nosso objetivo, no entanto, devemos, primeiro, identificar os principais sofrimentos da vida. O budismo descreve quatro so­frimentos universais: nascimento, envelhecimento, doença e morte. Não importa quanto gostemos de ficar agarrados à nossa juventude, envelhecemos com o passar do tempo. Por mais que tentemos manter a boa saúde, acabaremos por contrair uma doença ou outra. E, mais fundamentalmente, embora odiemos pensar a respei­to da morte, qualquer momento poderá ser o último (apesar de isso estar, naturalmente, além do nosso poder de saber quando esse momento virá).

Podemos reconhecer várias causas — biológicas, fisiológicas e psi­cológicas — para os sofrimentos da doença, do envelhecimento e da morte. Mas, em última análise, é a própria vida, nosso nascimento neste mundo, que é a causa de todos os nossos sofrimentos mundanos.

Em sânscrito, sofrimento é chamado de duhkha, uma palavra que implica um estado carregado de dificuldade em que as pessoas e as coisas estão em desacordo com nossos desejos. Essa condição deriva do fato de que todos os fenômenos são transitórios. Juven­tude e saúde não continuam para sempre, nem nossa própria vida. Nisso, de acordo com o budismo, se encontra a causa final do so­frimento humano.


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