sexta-feira, 27 de maio de 2022

“As dores e aflições de milhões de kalpa”

 

O tesouro do corpo é mais valioso do que aquele guardado no cofre; e o tesouro acumulado no coração é muito mais valioso do que o tesouro do corpo

Seja absolutamente forte


Traçar objetivos, definir a conquista de metas e ter planejamento são algumas características para a vitória. Neste Encontro com o Mestre, o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, nos incentiva a vencer nossas fraquezas com a recitação do sincero daimoku e fala sobre a importância do estudo do budismo


DR. DAISAKU IKEDA 


“Empenhar-se com coragem e vigor” (yumyo shojin,1 em jap.) — essas palavras do Sutra do Lótus foram tema do editorial que meu mestre, segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, redigiu para a edição da revista mensal de estudos da Soka Gakkai Daibyakurenge, de janeiro de 1958.


Durante sete anos, ele havia se dedicado abnegadamente a ir ao encontro das pessoas e a trabalhar em prol da felicidade delas, empenhando-se cada vez mais arduamente ano a ano, galgando a íngreme escalada para o pico de uma nova montanha do triunfo em nosso movimento pelo kosen-rufu.


Em dezembro de 1957, depois do anúncio da concretização das 750 mil famílias, Toda sensei disse-me: “Daisaku, quero devotar os próximos sete anos à conquista do objetivo de 2 milhões de famílias associadas à organização”. Apenas dois meses mais tarde, contudo, ele aumentou ainda mais o grau de dificuldade, fixando em 3 milhões a nova meta a ser alcançada. Após superar o pico de uma imponente montanha, estava determinado a encarar a próxima e a continuar a enfrentar novos desafios.


Quando eu, discípulo devotado ao compromisso de me empenhar ao lado do mestre, testemunhava a inesgotável disposição de lutar demonstrada por Toda sensei, sentia-me inspirado e me esforçava com coragem e decisão ainda maiores.


No editorial que redigiu em janeiro de 1958, Josei Toda predisse que grandes obstáculos incidiriam sobre a Soka Gakkai. Conclamando seus preciosos companheiros que se levantassem com fé corajosa, ele escreveu:


 


Por mais fortes que sejam nossos oponentes, não devemos temê-los, não podemos ser influenciados por eles. (...) Oro sinceramente para que avancem com coragem e vigor na grandiosa estrada do kosen-rufu.2


 


Encerrando, salientou:


 


Repitam para si mesmos, dia e noite, as palavras de Nichiren Daishonin, “Não passem a vida em vão para depois se arrependerem durante os próximos dez mil anos”,3 e se empenhem com uma fé que se fortaleça cada vez mais a cada dia, cada mês e a cada ano. Este deve ser o espírito essencial de todos os seus esforços no próximo ano e por toda a vida. Comecem firmando uma sólida decisão! Então, mãos à obra, com coragem!4


 


Vamos responder novamente ao ardente chamado de Toda sensei e façamos a grandiosa energia vital que emana do bravo e vigoroso empenho despontar dentro de nós com a radiância do sol da manhã!


Logo depois que ingressei na Soka Gakkai, Toda sensei foi rigoroso comigo ao se referir à passagem de Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente:


 


Se num único momento da vida esgotarmos as dores e aflições de milhões de kalpa, então, instante após instante surgirão em nós os três corpos do buda com os quais somos eternamente dotados. Nam-myoho-renge-kyo é exatamente essa prática diligente.5


 


Ele me disse: “Grave essas palavras de Daishonin em sua vida. Os heróis da Soka Gakkai nunca devem se esquecer delas”. É uma passagem difícil de entender, mas como meu mestre me instruiu a gravá-la em minha vida, eu estava profundamente determinado a compreender por completo seu significado. Continuei lendo e refletindo sobre ela. Fiz isso durante o implacável inverno de adversidades, inclusive quando os negócios do presidente Josei Toda entraram em falência na recessão do período pós-guerra, e trabalhei me empenhando ao máximo para apoiar meu mestre e dar uma virada na situação. E tudo isso no decorrer da Campanha de Osaka, de 1956, que pavimentou o caminho para alcançarmos a vitória que todos diziam ser impossível. Orei e me esforcei intensamente para romper as barreiras que se erguiam diante de nós e vencer a cada momento.


“As dores e aflições de milhões de kalpa” indicam longos períodos de existências de árduos e dolorosos esforços. Podemos interpretar isso como batalhas sem fim. Entretanto, numa drástica ruptura, com essa visão, Nichiren Daishonin ensina que, quando recitamos Nam-myoho-renge-kyo e propagamos a Lei Mística, com essas ações “esgotamos as dores e aflições de milhões de kalpa” em cada momento da vida; ou seja, concentramos o equivalente a milhões de árduos esforços em cada momento da vida. O que isso nos ensina, em última análise, é que devemos vencer resolutamente agora, neste exato momento. Daishonin escreve: “O rei leão (...) sempre emprega força máxima no ataque, independentemente da força de seu oponente”6. O rei leão nunca refreia sua força, sem se importar com quem seja seu oponente.


É fundamental, portanto, darmos tudo de nós, aproveitando cada momento, recitando Nam-myoho-renge-kyo e agindo com dedicação sincera. Essa prática diligente corresponde a “empenhar-se com coragem e vigor” e é a própria essência da coragem.


Coragem não consiste apenas em agir com valentia. A coragem budista agrega a sabedoria para “perceber o verdadeiro aspecto da realidade”7 e triunfar sobre as adversidades.


Na vida, podemos nos deparar com uma gama infinita de desafios inesperados e de adversidades assustadoras, os quais podem assumir diversas formas como dificuldades financeiras, problemas envolvendo relacionamento humano, doenças, acidentes e até a possibilidade da própria morte. Podemos ser assolados pelas tempestades do carma que nos fazem mergulhar nas profundezas do desespero. Mas, ao abrirmos os olhos com a prática da fé e “percebermos o verdadeiro aspecto da realidade”, conseguimos ver que todos possuem dentro de si a condição de vida indestrutível do estado de buda. E que, ao recitarmos Nam-myoho-renge-kyo, manifestamos a energia vital do buda para superar os desafios e alcançar essa condição de genuína felicidade e realização.


Cada um, sem exceção, é um bravo e nobre bodisatva da terra e um guerreiro devotado na luta conjunta de mestre e discípulo.


 


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