sábado, 19 de fevereiro de 2022

A origem do movimento pela paz da Soka Gakkai

 

soka gakkai

A origem do movimento pela paz da Soka Gakkai encontra-se na luta do seu presidente fundador, Tsunesaburo Makiguchi, contra a opressão do governo militarista japonês que adotou o xintoísmo do Estado como seu pilar espiritual para unir a população à guerra. Makiguchi se recusou veementemente a aceitar o talismã xintoísta, que era uma coação ordenada pelas autoridades militaristas visando o controle ideológico das pessoas. E assim em julho de 1943 foi preso e encarcerado junto com o seu discípulo Josei Toda.

Recusar-se publicamente a aceitar o talismã xintoísta no período de guerra sob controle de pensamento representava um confronto contra as autoridades do país em busca da liberdade do pensamento e de crença. Era literalmente uma luta de vida ou morte pelos direitos humanos. E, de fato, Tsunesaburo Makiguchi encerrou a vida na prisão em meio às geadas de outono no dia 18 de novembro de 1944, ano seguinte à sua detenção.

Todas as pessoas possuem o direito fundamental à liberdade de pensamento e de crença. Proteger esse direito representa a base para a paz.

A visão budista que enxerga o estado de buda em todas as pessoas é a base fundamental dos direitos humanos. Makiguchi, que era praticante desse budismo, não teve outra saída a não ser lutar contra o governo militarista que fazia das pessoas ferramentas para atender seu intento. Seu discípulo, Josei Toda, anunciou em 8 de setembro de 1957 a Declaração pela Abolição das Armas Nucleares, considerando as armas nucleares como o mal absoluto que arrebata do ser humano o direito à vida. Foi também fruto de um inevitável posicionamento como praticante do budismo.

Na verdade, o Budismo Nichiren, a base do movimento da Soka Gakkai, é um ensinamento que atribui o supremo valor à vida humana, sem nunca considerar a nação ou o estado como absolutos. Em seus escritos, Nichiren Daishonin se refere à autoridade militar máxima do governo de sua época como “soberano deste pequeno país insular” (CEND, v. II, p. 23).

E também declara: “Pode parecer que, por ter nascido nos domínios do governante, eu deva segui-lo em minhas ações. Porém, jamais o seguirei em meu coração” (CEND, v.I, p. 605). Essa frase também está incluída na publicação da Unesco, intitulada “Direitos Originais do Homem”.¹

Trata-se de uma mensagem de Daishonin de que as pessoas não são escravas do Estado ou da estrutura social. Nenhuma autoridade é capaz de acorrentar o espírito humano. É verdadeiramente uma declaração de direitos humanos que afirma o valor universal da vida humana, transcendendo os poderes do Estado.

Obviamente, as nações e os governos possuem papel indispensável, e é importante que as pessoas contribuam da melhor forma possível para o seu país, pois suas condições influenciam fortemente a felicidade ou a infelicidade do povo. O ponto essencial é que o povo não existe em prol da nação ou de uma pequena parcela de líderes; a nação é que existe em prol do povo.


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