Você se lembra qual a sensação de brincar na chuva? O cheiro de terra molhada, as gotas d'água gelada batendo no rosto e todo o corpo vibrando enquanto se sacode.
Brincar na chuva é coisa de criança. Para adultos a chuva é sinônimo de trânsito, trem lotado, sujeita no quintal e espera. Crescer afunila o significado de diversão e para "brincar" é preciso esperar que a tempestade passe.
A diferença está na percepção, para as crianças a alegria é a causa e não a consequência de tudo o que realizam. Por isso, até nas situações mais tediosas, com um simples toque na imaginação a diversão acontece.
Há 20 anos, em 17 de outubro de 1999 um icônico encontro reuniu cerca de dez mil jovens de todo o Brasil na Grande Convenção Cultural dos Jovens da BSGI. Uma tempestade se formou no céu com a promessa de dificultar o que havia sido preparado para a data. Mas eles estavam ali para aprender uma grande lição: a dançar na chuva.
A convenção ficou conhecida como "Convenção da Chuva" e gravada na memória dessas crianças e jovens, que hoje vinte anos mais velhos podem compreender o real significado de tudo o que aconteceu naquele dia.
Na data o presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, os lembrou que: “‘O sábio não exercita o budismo fora das leis da sociedade.’ Isto quer dizer que o budismo e a sociedade formam um único corpo. De fato, o budismo expõe os princípios fundamentais da vida diária e do curso de uma existência. Por esta razão, espero que estudem com afinco e trabalhem com dedicação em meio às circunstâncias em que se encontram atualmente por ser justamente o local do cumprimento de suas missões. Ao mesmo tempo, procurem aprimorar a si mesmos para que possam brilhar como ‘bons cidadãos’ e ‘heróicos protagonistas da sociedade’.
Por serem jovens, vocês provavelmente enfrentam muitas dificuldades. Porém, não há a menor dúvida de que no final triunfarão vitoriosamente por manterem a suprema filosofia que revela com perfeita clareza a correta visão sobre a vida e a felicidade. Por favor, forjem-se com toda a disposição como jovens de caráter inabalável e destemido.
O ex-presidente da Academia Brasileira de Letras, Austregésilo de Athayde, com quem mantive um profícuo diálogo, descreveu as lembranças de seu encontro com Arnold Toynbee, considerado o maior historiador deste século.
Athayde viu nas palavras de Toynbee uma bússola para o futuro e escreveu: ‘Não existe nos trópicos outra terra que se compare à nossa em vitalidade e esplêndidas promessas do futuro. Ouvi, certa vez, de um estrangeiro ilustre, nada menos do que Toynbee, esta observação animadora: Sem o perceberdes, está sendo construído aqui um mundo incomparável. Eis o pensamento que deve guiar-nos, quando tantos, inadvertidos da realidade que os cerca, tendem para o pessimismo, de olhos fechados para o bem que está em suas mãos.’ (in O Século de um Liberal.)
O fato de vocês estarem vivendo o drama deste século na incomparável e gloriosa terra brasileira é a maior e a máxima missão e boa sorte. Por isso, espero que ampliem cada vez mais o ideal de paz, harmonia e de esperança por todos os recantos do País para que o Brasil reine majestosamente o mundo no novo século."
Com a certeza de que você está criando um grande bem e de que o budismo não é separado da sociedade, mesmo que as tempestades e esquecidos anunciem o pessimismo como única saída, lembre-se de que você sempre pode dançar na chuva. Resgate a criatividade e imaginação de criança e levante a bandeira da esperança, que sempre desponta para a construção de um mundo melhor.
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