sexta-feira, 15 de outubro de 2021

um novo e amplo conceito de uma religião universal

 

soka gakkai

A prática religiosa, de modo geral, é considerada uma atividade universal para ligar o ser humano ao infinito, ao absoluto e ao divino. Embora isso seja correto em certo sentido, muitas religiões postulam a separação entre o secular e o divino, entre os seres humanos e a divindade ou o Buda e procuram reduzir essa lacuna.

No entanto, Nichiren Daishonin considerou esses ensinamentos incompletos e citou como exemplo os ensinamentos provisórios ou anteriores ao Sutra do Lótus expostos por Shakyamuni. Essas doutrinas não estabelecem os princípios ou a prática que possibilita as pessoas atingirem o estado de buda nesta existência. Em vez disso, expõem que as pessoas devem realizar uma prática austera por intermináveis kalpa para atingirem a iluminação.

(...)

A Lei Mística é a Lei fundamental do Universo. Nesse sentido, possui uma universalidade que transcende nosso próprio “eu”. No entanto, conforme revela Nichiren Daishonin ao explicar a “verdade mística inerente nos seres vivos”, a Lei Mística também existe inerentemente em nossa vida porque é uma Lei universal que abrange e permeia tudo no Universo.

(...)

De forma geral, as religiões expõem uma entidade eterna e infinita que transcende o ser humano e a transitorieda­de do mundo empregando termos como “deus” ou “lei”. Essa entidade eterna e infinita pode ser vista de maneiras distintas pelas religiões: pode inspirar medo reverencial, adora­ção, um grande vazio associado ao nada ou uma torrente de amor universal.

Nichiren Daishonin percebeu que o poder da Lei Mística, que abarca e sustenta todas as coisas no Universo, existe dentro do ser humano, e revelou o meio pelo qual cada pessoa pode manifestar realmente essa Lei na vida.

Em meu segundo discurso proferido na Universidade de Harvard, em setembro de 1993, destaquei três pontos pelos quais o budismo Mahayana poderia contribuir para a civilização moderna: 

(1) promover a construção da paz;

 (2) pavimentar o caminho para a restauração e o rejuvenescimento da humanidade; 

e (3) oferecer uma base filosófica para a coexistência simbiótica entre todas as coisas. 

Sobre o segundo ponto, frisei o enfoque dado pelo Budismo Nichiren, que ensina a não depender unilateralmente do poder do indivíduo nem do poder externo. Essa perspectiva conquistou a adesão de muitos acadêmicos. De acordo com o Budismo Nichiren, as pessoas somente podem ativar plenamente seu poder interior quando, mediante o recurso da oração, fundem-se com o poder externo da verdade eterna e imutável que transcende o “eu” limitado e finito. Ao mesmo tempo, na realidade, esse poder externo e universal nos é intrínseco. Nichiren Daishonin afirma:

As pessoas são, com certeza, providas de poder próprio e, no entanto, não são providas de poder próprio. (...) As pessoas certamente têm o poder dos outros e, no entanto, não têm o poder dos outros.2

Em minha opinião, o significado dessa frase é que podemos manifestar o poder transcendental que possuímos dentro de nós quando não dependemos exclusivamente de um poder externo nem de nosso próprio poder. O que nos permite manifestar este poder inato é a recitação do Nam-myoho-renge-kyo.

Dessa forma, o Budismo Nichiren apresenta um novo e amplo conceito de uma religião universal em prol da felicidade de toda a humanidade – uma visão que transcende o enfoque dos ensinamentos que separam o poder externo do poder interno e dão mais ênfase a um do que ao outro.



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