quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Tudo começa com o diálogo.

 

soka gakkai



Uma querida amiga, a falecida Dra. Wangari Maathai (1940–2011), para poder estudar no exterior, deixou a aldeia queniana em que nasceu, onde as pessoas tratavam as figueiras com verdadeira reverência: contribuíam para a preservação da ecologia global. Ao retornar à terra natal, uma cena chocante a esperava. Sua figueira querida desde a infância fora derrubada pelo novo proprietário da terra para dar espaço ao cultivo de chá. O que mudou não foi só a paisagem: o comportamento foi repetido em outros lugares, deslizamentos de terra tornaram-se mais frequentes, e as fontes de água potável, mais escassas.

Este é um triste exemplo de como algo precioso para uma pessoa pode ser apenas um obstáculo para outra. Os problemas decorrentes das diferenças de consciência não se limitam às relações entre os indivíduos, afetam também as relações entre grupos de distintas origens culturais ou étnicas.

A velocidade exacerbada dos processos de globalização, com os modernos meios de comunicação, pode ampliar a tendência para o estereótipo e o ódio. As pessoas começam a evitar a interação com aqueles que são diferentes, incluindo os de sua comunidade, passam a vê-los com preconceito e discriminação. Observa-se na sociedade em geral a redução de nossa capacidade de valorizar o outro como ele é e do jeito que tem de ser.

“Jardineiro. Mãe. Amante da natureza. Estudante. Irmão. Poeta”

No ano passado [2015], no Dia Mundial dos Refugiados, o Acnur lançou uma campanha de educação pública, apresentando histórias de vida de pessoas que se tornaram refugiadas e incentivando os telespectadores a repartir tais histórias com seus amigos e conhecidos. Cada uma delas é apresentada pelo personagem real, um atributo reconhecido com facilidade e que nada tem a ver com a nacionalidade, e relata a sua história, o que sente sobre a sua condição atual. Deparar-se com a experiência e a história de vida de uma pessoa, em condições reais e conhecidas, permite que se veja além do rótulo, sem rosto, de “refugiado”.

Em setembro de 1974, em meio às acentuadas tensões da Guerra Fria, ignorei críticas e oposições e visitei a União Soviética pela primeira vez. A convicção que me motivou foi que não precisamos temer a União Soviética tanto quanto precisamos temer nossa ignorância com respeito à União Soviética.

O que ergue barreiras entre nós é a atitude de permanecer ignorante em relação aos outros. Por isso o diálogo é decisivo. Tudo começa com o diálogo.


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