quarta-feira, 8 de setembro de 2021

somos filhos das estrelas e para elas estamos tentando voltar

 

soka gakkai

Ronaldo Mourão: Sabemos, por exemplo, que somos feitos da poeira de estrelas que explodiram há bilhões de anos. Todos os elementos que formam nosso corpo, como os átomos de carbono, essenciais para a química da vida, foram criados dentro das estrelas. Aqueles pontos de luz – as estrelas – que brilham no céu noturno são fornalhas cósmicas em que a matéria-prima da vida é constantemente manufaturada. Nelas, o hidrogênio primordial é transformado em hélio e, posteriormente, em outros átomos mais pesados, como o carbono e o oxigênio. Quando uma estrela explode no fim do seu ciclo de existência, ela derrama no Universo os elementos que vão formar novas estrelas, planetas e seres vivos. Não é de admirar que o espaço estrelado inspire admiração entre os homens. No fundo, somos filhos das estrelas e para elas estamos tentando voltar.

Daisaku Ikeda: Sua explanação aproxima-se muito da visão de vida exposta no budismo. O Universo é realmente o berço da vida. Meu mestre, Josei Toda, disse-me certa vez:

A vida surge em qualquer parte do Universo quando as condições tornam-se propícias. A vida não pertence unicamente à Terra. Quando morrer, vou nascer num outro astro para promover o movimento pela paz e pela justiça.

Os sutras budistas citam a existência da terra do Buda em inúmeras estrelas semelhantes à Terra espalhadas pela vastidão do Universo. No capítulo “Parábola da Cidade Imaginária”, do Sutra do Lótus, consta: “Habitaram aqui e ali, em várias terras do buda, e constantemente renasceram em companhia de seus mestres”. Essa frase significa que o nascimento na próxima existência ocorrerá em alguma estrela do grande Universo, aonde promoverá com seu mestre o movimento pela paz e felicidade das pessoas com base na suprema filosofia a fim de cumprir a missão social.

Mourão: São palavras que transmitem profunda emoção. O laço de mestre e discípulo exposto no budismo transcende o nascimento e a morte, o tempo e o espaço.

O grande aprendizado da astronomia – não desejo ser absoluto ou prepotente na afirmação – é o fato de que a vida é eterna, um ciclo sem fim de ida e volta, com a própria morte já dando origem ao renascimento, como no exemplo do fim da estrela que citei anteriormente. Ao término de sua existência, ela proporciona o surgimento da vida, o bem mais precioso de todo o Universo. Que fantástico! Tal como o Universo, somos eternos, sem começo nem fim.

Ikeda: (...) Quando a vida está no estado ativo ou manifesto, chama-se “vida” e, quando está latente ou fundido no Universo, é chamado “morte”. A diferença está apenas na forma com que a vida se manifesta. Sua visão da vida e do Universo é muito próxima da visão do budismo.

Mourão: Fico feliz em saber disso.

Ikeda: Conforme dito pelo senhor, a vida é eterna. Pela visão da vida do budismo, a morte não deve ser vista com aversão. Da mesma forma como o Sol se põe e aparece sem falta no novo dia, a morte é como uma fase para se preparar para uma nova vida. E da mesma maneira como um magnificente entardecer que tinge o céu de escarlate promete um maravilhoso novo dia, a morte plena de satisfação assegurará boas circunstâncias na próxima existência. Em 1993, quando palestrei na Universidade de Harvard, discorri sobre a visão da vida do budismo que expõe a “alegria na vida” e a “alegria na morte”.

Mourão: Concordo com o que o senhor diz em todos os sentidos. Entendo agora a razão de a Soka Gakkai Internacional (SGI) ter-se expandido para o mundo transcendendo as fronteiras e as diferenças culturais. Por possuir essa profunda filosofia e visão de vida no núcleo de seu movimento, a SGI foi capaz desse feito.

Ikeda: Agradeço muito pela sua compreensão. Meu mestre Josei Toda costumava dizer: “A veracidade dos princípios budistas será comprovada quanto mais a ciência avançar”. Tenho convicção de que o progresso da astronomia está contribuindo para comprovar a visão da vida e do Universo exposta no budismo.


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