terça-feira, 28 de setembro de 2021

Por uma Civilização de competição humanitária

 

soka gakkai

Em seus primeiros anos, a Soka Gakkai era mencionada de forma depreciativa como organização de pobres e doentes. Por meio do encorajamento mútuo, essas pessoas comuns, descartadas pela sociedade, conseguiram se reerguer das profundezas da infelicidade, história da qual temos muito orgulho.

(...)

Quando me tornei terceiro presidente da Soka Gakkai, há sessenta anos, iniciei minhas ações concretas pela paz mundial viajando aos Estados Unidos, onde visitei a sede das Nações Unidas em Nova York. Assim estava agindo como herdeiro da visão do meu mestre. A partir de então, o apoio à ONU tornou-se o pilar central do nosso engajamento social, fortalecendo nossas relações colaborativas com indivíduos de mesma visão e organizações civis, enquanto continuamos a desenvolver iniciativas para encontrar soluções para os desafios globais.

Logo depois da minha visita a Nova York, em 1960, a Nona Sinfonia, de Beethoven, foi apresentada na sede da ONU como parte das celebrações do Dia da ONU (24 de outubro). O concerto foi realizado por sugestão do secretário-geral da época, Dag Hammarskjöld (1905–1961). Até então, apenas a parte final da Nona Sinfonia, o quarto movimento com o comovente coro Ode à Alegria, era executado, mas no aniversário de quinze anos de fundação da ONU, a obra foi apresentada na íntegra.

Hammarskjöld disse ao público:

“Quando a Nona Sinfonia se inicia, entramos em um drama repleto de conflito extremo e de ameaças sombrias. Mas o compositor nos leva adiante e, no começo do último movimento, nós ouvimos novamente os vários temas, agora como uma ponte em direção à síntese final”.

Ao comparar o andamento da Nona Sinfonia com a história humana, Hammarskjöld expressou sua esperança de “nunca perder a fé em que os primeiros movimentos um dia serão seguidos pelo quarto movimento”.

A convicção de Hammarskjöld ressoa com a progressão de eras históricas apresentadas por Makiguchi em Geografia da Vida Humana. As formas de competição militar, política e econômica pelas quais pessoas e sociedades buscam sua própria segurança e prosperidade à custa de outros preocupavam muito Makiguchi no começo do século 20. Infelizmente essas ideias ainda fazem parte do nosso mundo.

Mas, assim como a sessão coral do quarto movimento da Nona Sinfonia começa com a frase O Freunde, nicht diese Töne! [Oh, amigo, esses tons não!], seremos capazes de criar novas abordagens para transformar formas enraizadas de competição. Makiguchi propôs que a essência dessa transformação deve surgir do que ele chamava de “competição humanitária” ou “formas de competição humana”, nas quais um lado se beneficia ao mesmo tempo em que trabalha pelo bem dos outros. Ao gerar uma solidária ação global para confrontar o desafio das mudanças climáticas, podemos e devemos produzir esse tipo de mudança de paradigma, abrindo novos horizontes na história humana.

Acredito que o centro desse desafio é o compromisso de nunca abandonar aqueles em circunstâncias difíceis e alarmantes. Ao agirmos com base nesse compromisso, onde quer que estejamos, podemos transformar a crise sem precedentes das mudanças climáticas em oportunidade de redirecionar o curso da história.


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