terça-feira, 28 de setembro de 2021

a importância da ação conjunta e construtiva

 

soka gakkai

Um compromisso que eu gostaria de discutir se relaciona com a importância da ação conjunta e construtiva em vez de somente veicular um sentido compartilhado de crise.

Os primeiros alertas sobre o aquecimento global causado pelo homem foram emitidos em 1980 e a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) foi adotada em maio de 1992, pouco antes da realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (a Cúpula da Terra) no Rio de Janeiro. O Protocolo de Kyoto foi adotado em 1997 com o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa por economias desenvolvidas e, em dezembro de 2015, o Acordo de Paris foi adotado como a primeira estrutura global a incluir economias emergentes e em desenvolvimento.

O pano de fundo para o estabelecimento de um modelo de ação global foi a profunda percepção da crise surgida a partir de estudos científicos conduzidos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

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Apesar de o Acordo de Paris ter se tornado operacional neste mês, sérios desafios planam sobre o seu futuro. Segundo um Relatório Especial do IPCC, se o aquecimento continuar, há perigo real do aumento na média da temperatura global exceder 1,5 grau Celsius em 2030. Manter o aquecimento global dentro desse limite é o objetivo do Acordo de Paris, e é crucial que todos os países acelerem seus esforços para atingi-lo. Para esse fim, devemos ir além da percepção compartilhada de crise e propor uma visão clara em torno da qual seja possível nos unir em solidariedade e mobilizar o engajamento ativo de pessoas de todo o mundo.

Se nos concentrarmos somente nas ameaças que enfrentamos, corremos o risco da indiferença dos que não se sentem diretamente impactados. Mesmo aqueles que reconhecem a gravidade da ameaça poderão se sentir impotentes e concluir que nada podem fazer para mudar a situação.

Isso me lembra de algo que a intelectual e pacifista Elise Boulding (1920–2010) compartilhou comigo. Nos anos 1960, enquanto participava de uma conferência sobre desarmamento, a Dra. Boulding perguntou aos especialistas participantes como eles viam o funcionamento de um mundo totalmente sem armas. Para sua surpresa, eles responderam que não faziam ideia — seu trabalho era somente descrever como o desarmamento é possível. Com base nessas respostas, a Dra. Boulding percebeu que é preciso adotar visão clara e específica de uma sociedade pacífica, caso contrário será impossível unir as pessoas em prol da paz.

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Por muitos anos, a ideia de um tratado de proibição das armas nucleares foi considerada impossível. No entanto, como a preocupação com as consequências humanitárias catastróficas de armas nucleares se intensificou, o esforço para proibir essas armas trouxe ao centro do debate a visão de um futuro melhor, e isso se tornou o fator essencial no ímpeto da solidariedade que levou à adoção do Tratado de Proibição das Armas Nucleares (TPAN) em 2017.

O TPAN vai além de ressaltar como as armas nucleares impõem um risco à segurança de toda a humanidade. Como seu preâmbulo indica, no cerne do tratado está a percepção de como os esforços para fazer avançar o desarmamento nuclear estão indissociavelmente ligados e avançam no trabalho de criar um mundo que assegure os direitos humanos e defenda a igualdade de gênero, um mundo que proteja a saúde das gerações atuais e futuras, um mundo que priorize a integridade ecológica.


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