segunda-feira, 30 de agosto de 2021

A essência do budismo professado pela Soka Gakkai

 

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A essência do budismo professado pela Soka Gakkai é a convicção de que todos têm capacidade de superar qualquer dificuldade e de transformar seu sofrimento a cada instante. Nossa própria vida possui esse poder porque é inseparável da lei fundamental que sustenta o funcionamento do universo.

O buda Nichiren Daishonin surgiu no século 13 no Japão, teve sua existência marcada como monge budista cujos ensinamentos a Soka Gakkai Internacional (SGI) se baseia, e foi quem despertou para essa lei universal, ou princípio, nomeando-a Nam-myoho-renge-kyo.

Com a prática budista que ele criou e desenvolveu (de recitar Nam-myoho-renge-kyo), abriu-se o caminho para todas as pessoas ativarem o poder desta lei inerente dentro da própria vida. Dessa forma, pela sincera e convicta recitação de daimoku podemos infalivelmente experimentar a alegria de que somos capazes de nos libertar do sofrimento no nível mais fundamental.

Shakyamuni, fundador do budismo, viveu na Índia há cerca de 2.500 anos e foi o primeiro a despertar para essa lei pelo desejo de encontrar meios que permitissem a todas as pessoas serem livres das dores inevitáveis da vida. É por isso que ele é conhecido como Buda, ou Aquele que Despertou. Ao descobrir que a capacidade de transformar o sofrimento era inata na sua própria vida, ele também concluiu que ela habitava dentro de todos os seres.

O registro dos ensinamentos de Shakyamuni para despertar as pessoas foi compilado para a posteridade em vários sutras budistas. O ponto culminante desses ensinamentos é o Sutra do Lótus. Em japonês, “Sutra do Lótus” é representado como Myoho-renge-kyo.

Em meio à turbulência do século 13 no Japão, ou seja, várias centenas de anos após Shakyamuni, Nichiren Daishonin começou uma busca para recuperar a essência do budismo, estudando-o vorazmente desde criança para o bem das pessoas do povo. Despertando para a lei da vida inerente a si mesmo, ele foi capaz de discernir que essa lei fundamental está contida no Sutra do Lótus revelado por Shakyamuni, e concisamente expressa no título Myoho-renge-kyo. Daishonin designou o título do sutra como o “nome da Lei” e estabeleceu a prática da recitação do Nam-myoho-renge-kyo no meio pragmático para que todos pudessem concentrar o coração e a mente na oração e manifestar seu poder transformador em realidade.

A palavra nam é derivada de namas, que, em sânscrito, significa “devoção” ou “dedicar a própria vida”. Nam-myoho-renge-kyo, portanto, é assumir um compromisso numa expressão da determinação em abraçar e manifestar a natureza de buda intrínseca. É um compromisso consigo mesmo de nunca ceder às dificuldades e conquistar a vitória sobre os sofrimentos. Ao mesmo tempo, é um juramento de ajudar os outros a revelar essa Lei na própria vida e alcançar a felicidade.

Um profundo significado

Os ideogramas chineses individuais que compõem Myoho-renge-kyo expressam as principais características dessa Lei. Myo pode ser traduzido como “místico” ou “maravilhoso”, e
ho significa “lei”, e é chamada “mística” apenas porque é difícil
de compreender. O que é exatamente difícil de compreender? É a admiração das pessoas comuns, que são vítimas de
ilusão e sofrimento, despertando para a lei fundamental em sua própria vida, fazendo brotar sabedoria e compaixão e, percebendo que são budas, são capazes de resolver os próprios problemas e os dos outros. A Lei Mística tem o poder de transformar a vida de qualquer pessoa, mesmo a mais infeliz, a qualquer momento e em qualquer circunstância, em uma vida de suprema felicidade.

O termo renge, que significa “flor de lótus”, é uma metáfora que oferece uma visão mais profunda das qualidades da Lei Mística.
A flor de lótus é pura e perfumada, cresce em água lamacenta mas permanece imaculada. Da mesma forma, a beleza e a dignidade de nossa humanidade vêm à tona em meio aos sofrimentos da realidade diária.

Sua peculiaridade é que ela produz
a flor e o fruto ao mesmo tempo. Na maioria das plantas o fruto se desenvolve após a flor desabrochar e as pétalas caírem. O fruto da planta do lótus, no entanto, se desenvolve simultaneamente com a flor, e quando ela se abre, o fruto já está dentro. Isso ilustra o princípio “simultaneidade de causa e efeito” — não temos de esperar para nos tornarmos perfeitos no futuro, podemos revelar o poder da Lei Mística de dentro da nossa vida a qualquer momento. Esse princípio esclarece que a nossa vida é interiormente equipada com o grande estado de vida de um buda e que a conquista desse estado tão elevado é possível simplesmente abrindo-se para ele. Outros sutras, exceto o Sutra do Lótus, ensinaram que as pessoas poderiam atingir a iluminação apenas com a prática budista ao longo de muitas existências, adquirindo as características de um buda uma de cada vez. O Sutra do Lótus contraria essa ideia ensinando que os traços de um buda estão presentes em nós desde que nascemos.

Por fim, a palavra kyo significa literalmente “sutra”. Como essa lei fundamental permeia a vida de todo o universo, isso indica ser a Lei Mística uma verdade eterna. O ideograma chinês
kyo também dá a ideia de uma “linha”: quando um tecido é fabricado, inicialmente as linhas verticais são colocadas
no lugar. Elas representam a realidade básica de vida, a estrutura estável através da qual as linhas horizontais são tecidas. Essas linhas horizontais, que representam as diversas atividades da nossa vida diária, compõem o tecido-padrão, dando cor e variedade. O “tecido da nossa vida” é composto tanto pela verdade fundamental e duradoura como pela realidade movimentada da nossa existência diária com sua singularidade e diversidade. Uma vida composta apenas de linhas horizontais rapidamente se desfaz.

Estas são apenas algumas das maneiras pelas quais o nome “Myoho-renge-kyo” descreve a Lei Mística. A recitação do Nam-myoho-renge-kyo é um ato de fé na existência da Lei Mística que rege todos os fenômenos do universo e na magnitude das possibilidades inerentes a qualquer forma de vida.

Em seus escritos, Nichiren Daishonin enfatiza a essência da fé ao escrever: “O Sutra do Lótus, no qual o Buda sinceramente descarta os meios apropriados, ensina que uma pessoa só pode ‘obter o acesso somente por meio da fé’. (...) Desse modo, a fé é o requisito básico para entrar no caminho do buda”(CEND, v. I, p. 147).

A Lei Mística é a força ilimitada que abarca tudo e recitar o daimoku é ter fé em seu próprio potencial, principalmente porque não é uma frase mística com poder sobrenatural. O Nam-myoho-renge-kyo não é uma entidade transcendental, é simplesmente o princípio básico de que aqueles que têm uma vida normal e fazem esforços consistentes em prol do bem de si mesmo e dos outros serão devidamente vitoriosos.

A recitação do Nam-myoho-renge-kyo é para revelar a pura e fundamental energia vital honrando a dignidade de nossa vida como uma pessoa comum e igual a todos, e com direito a ter uma existência feliz. 


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